08 ago, 2017 - 19:51
A Infraestruturas de Portugal (IP) garante que os sistemas de segurança "funcionaram eficazmente" no incêndio desta terça-feira no Túnel do Marão, mas o autarca de Vila Real fala em descoordenação.
A IP informou, em comunicado, que às 12h26 foi detectado pelo Centro de Controlo de Tráfego um princípio de incêndio numa viatura ligeira de passageiros, na galeria sul do Túnel do Marão, no sentido Amarante - Vila Real.
De imediato, explicou, foi activado o plano de emergência e procedeu-se ao corte de tráfego nos dois sentidos de circulação.
A IP referiu ainda que, sob o comando do Centro Distrital de Operações de Socorro, colaborou nas operações de coordenação do trânsito e na retirada em segurança dos veículos que ficaram retidos na proximidade de ambas as entradas do túnel.
Os ocupantes do veículo sinistrado foram retirados em segurança e apenas se registaram danos materiais, com a destruição da viatura e alguns danos em equipamentos no interior do túnel.
A IP salientou que os sistemas de segurança "funcionaram eficazmente, assegurando a detecção imediata da emergência e contribuindo para a pronta resposta das autoridades".
Autarca fala em “descoordenação total”
O presidente da Câmara de Vila Real tem uma versão diferente. Rui Santos alerta para a "descoordenação total" que se verificou no Túnel do Marão e exigiu saber o resultado dos inquéritos solicitados após um primeiro incêndio numa viatura, em Junho.
"Temos que ter um sistema preparado para socorrer os sinistrados no Túnel do Marão e mais uma vez ficou provado que o sistema não está afinado. Felizmente não houve vítimas, mas parece que é preciso que isso aconteça para que os simulacros sejam feitos como devem ser, para que os testes de segurança sejam afinados, para que o controlo de tráfego passe a ser feito a partir do Túnel do Marão", afirmou o autarca aos jornalistas.
No espaço de dois meses, houve dois casos de incêndios em viaturas dentro do Túnel do Marão, na auto-estrada 4, entre Amarante e Vila Real. Hoje foi um automóvel que ardeu, a 11 de Junho foi um autocarro. Em ambos os casos não se verificaram vítimas.
Numa primeira fase após a abertura do túnel, em Maio de 2016, o centro de controlo funcionou a partir da infra-estrutura, tendo sido, depois, deslocalizado para Almada.
Para Rui Santos, os resultados "estão à vista". "Uma descoordenação total, camiões a fazerem marcha atrás em pleno túnel, carros a virarem-se e a seguirem a faixa em sentido contrário", referiu.
O autarca quer saber, rapidamente, qual o resultado dos inquéritos "que supostamente foram feitos" quer pela Infraestruturas de Portugal quer pelo Governo, após o primeiro caso de incêndio.
"Queremos ver esses relatórios, queremos saber o resultado desses relatórios, não se brinca com a vida das pessoas, com esta situação no túnel", sustentou.
Na sua opinião, era "importante perceber que foi feita uma análise exaustiva a tudo aquilo que correu bem e a tudo aquilo que correu menos bem, para poder ser corrigido".
"Está na altura de alguém assumir a sua responsabilidade, de vir a público explicar-se sem demagogias, sem medo de perder a face porque o que aqui está em causa são vidas humanas, é a segurança das pessoas, é a economia da região, é a tranquilidade de todos aqueles que passam naquela infra-estrutura e que têm que ter a certeza que ali passam em segurança", afirmou.
E, segundo acrescentou, os "dois incêndios que ali ocorreram não foram bem tratados".
Foram distribuídos equipamentos individuais de segurança aos bombeiros que atuam no Túnel do Marão, mas não em número suficiente para todos os operacionais mobilizados para o combate às chamas.
"Há operacionais a actuar sem condições de segurança, há veículos de desencarceramento que faltam, há sistemas, nomeadamente de pressão de água, que não foram ainda testados e há todo um sistema de coordenação que não é eficaz, como hoje se voltou a ver, porque o centro do controlo de tráfego não é localizado onde devia", salientou Rui Santos.
O autarca destacou a importância da infra-estrutura para Trás-os-Montes e Alto Douro, mas lamentou as questões de "insegurança" de que se tem falado nos últimos tempos.