16 ago, 2017 - 12:19
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Este ano está a bater o recorde nacional em termos de área ardida. Segundo os dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICN), até 31 de Julho tinham ardido em Portugal mais 485% de área do que a média dos 10 anos anteriores.
Em termos de ocorrências, 2017 é o 5.º ano com valor mais elevado, com mais 6% de incêndios do que a média dos registados desde 2007.
Os números são do ICN e foram divulgados esta quarta-feira pelo comandante nacional da Autoridade da Protecção Civil, Rui esteves, segundo o qual os incêndios florestais registados este ano consumiram 141 mil hectares, mais 26 mil do que em 2016.
Estes números não englobam, contudo, as últimas ocorrências, em Vila de Rei e Mação, por exemplo.
Olhando para o grande incêndio de Junho, que começou em Pedrógão Grande e abarcou mais quatro concelhos de outros dois distritos, a área ardida numa semana ascendeu aos 53 mil hectares.
No “briefing” semanal sobre os incêndios, em Carnaxide (Lisboa), Rui Esteves observou ainda que o índice de severidade meteorológica em 2017 tem valores que apenas foram superiores em 2005.
Clima. O terceiro ano mais severo em 15 anos
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IMPA), este “é o terceiro ano mais severo dos últimos 15 anos”.
“A severidade meteorológica” não é “apenas na temperatura, é também no índice de secura dos combustíveis e também no vento, que quando tem rajadas fortes provoca nos incêndios um desenvolvimento muito mais rápido e eruptivo”, explicou Rui Esteves.
Segundo o índice meteorológico de seca, em Julho, 16,5% do território estava em “seca moderada”, 69,6% em “seca severa” e 9,2% em seca extrema.
Rui Esteves comentou que “um grande número de incêndios, com um índice de secura dos combustíveis muito baixo, provoca claramente” a situação registada nos últimos dias a nível de incêndios.
Em termos de previsão meteorológica, o comandante nacional afirmou que se prevê uma subida de temperatura a partir de quinta-feira, um vento sempre predominante do quadrante noroeste e uma humidade relativa no interior sempre abaixo de 20%, “o que, naturalmente, a acontecer uma ocorrência nessas zonas, será muito mais complexa”.
Segundo o responsável, “esta situação vai trazer um agravamento da classe de risco de incêndio florestal para muito elevado ou mesmo máximo” até sexta-feira.
Perante esta situação, Rui Esteves apelou à população para ter “um comportamento assertivo e não um comportamento de risco” quando estiver “no interior da floresta”.
Grande parte dos incêndios começa à noite
Segundo o comandante nacional da Protecção Civil, 38% das ocorrências da última semana “ocorreram no período nocturno”. Rui Esteves não avançou pormenores, mas na noite anterior o secretário de Estado da Administração Interna já tinha afirmado que muitos incêndios tinham mão criminosa. “Não é só a meteorologia”, disse Jorge Gomes.
Comparando com a semana de 1 a 7 de Agosto, houve um acréscimo de 72% no número de incêndios rurais (mais 601) e um aumento de 103,6% no número de meios envolvidos (mais 22.887): mais 86% no número de missões aéreas e mais 73% no número de horas voadas.
Segundo Rui Esteves, os distritos mais afectados pelos incêndios na última semana foram Santarém, Coimbra e Castelo Branco.
No que toca a feridos decorrentes dos incêndios, foram registados 74 entre 8 e 14 de Agosto, bem como 49 pessoas assistidas, entre as quais 32 bombeiros, quatro militares da GNR e 13 civis.
Nessa semana, houve 1.431 ocorrências florestais, que envolveram 44.986 meios humanos, apoiados por 12.148 veículos e 831 missões aéreas.
[Notícia actualizada às 13h45 de 17/08/2017]