22 ago, 2017 - 14:35
O ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira defende que os serviços de informação em Portugal deviam liderar “um plano de videovigilância em termos nacionais e de protecção de zonas pedonais”. Para o ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, esta matéria não deve ser liderada pelas autarquias.
Lisboa foi a primeira cidade a anunciar medidas de segurança em pontos turísticos e de grande concentração de pessoas, com a introdução de barreiras no Chiado, na Rua Augusta e no Mosteiro dos Jerónimos. Porto e Vila Nova de Gaia preparam-se para adoptar medidas para o Red Bull Air Race (2 e 3 de Setembro), evento em que são esperadas um milhão de pessoas. O plano contempla a instalação de blocos de betão com quatro toneladas e meia.
“Não se pode deixar tudo à acção autárquica”, diz à Renascença Rui Pereira, que defende que o combate ao terrorismo exige um plano mais abrangente e de âmbito nacional.
“São medidas necessárias e quanto mais cedo forem tomadas melhor. É necessário preservar através de mecanismos de segurança a zona de acesso a veículos indesejáveis utilizados por terroristas. Há também uma grande necessidade de recorrer à videovigilância. Por outro lado, devemos desencadear a investigação criminal sempre que necessário”, enumera .
O ex-ministro de José Sócrates acredita que um atentado terrorista, como o de Barcelona, gera sempre réplicas, ou seja, novos ataques. Este efeito pode ser amplificado pelos meios de comunicação social. Uma frase da ex-primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher tem sido usada para dar corpo a esta discussão. “Temos de encontrar formas de privar os terroristas e sequestradores do oxigénio da publicidade de que dependem”, disse a então líder britânica.
O agora comentador de assuntos de segurança da CMTV afirma que “é evidente que o terrorista se alimenta da publicidade e é evidente que se alimenta da comunicação social”. “Mas, no lado oposto, temos outro valor, que é o da liberdade de imprensa. No entanto, a auto-regulação é bem-vinda”, sublinha.
O ex-ministro diz que o terrorismo se combate através das “informações e investigação criminal” e “de mecanismos de defesa fixos, mas que sejam deslocáveis”.
O especialista não exclui a possibilidade de novos atentados na Europa, pensa até que são muito prováveis, mas isso não significa uma derrota face aos grupos extremistas. “O terrorismo está a perder a batalha. É uma ilusão pensar que o Daesh [Estado Islâmico] está ganhar por causa destes atentados. Tem procurado outro tabuleiro, o Ocidente, mas é evidente que este canto do cisne não vai ser rápido, vai ser demorado”, remata.