10 set, 2017 - 10:34
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, admite que, “no limite”, o furto de armamento militar na base de Tancos pode nunca ter acontecido.
"No limite, pode não ter havido furto nenhum, porque não existe prova visual, nem testemunhal, nem confissão", afirma o governante em entrevista ao “Diário de Notícias” e à TSF.
"Por absurdo podemos admitir que o material já não existisse e que tivesse sido anunciado... e isso não pode acontecer", diz Azeredo Lopes.
Questionado se está convencido de que houve furto de material, Azeredo Lopes responde: "Dou-lhe a minha palavra de honra: não estou nem deixo de estar convencido, só sei que desapareceu. Tenho de presumir, por bom senso e porque não sou dado a teorias da conspiração, que desapareceu algures antes de 28 de Junho quando eu tomei conhecimento".
Reiterando que mantém "plenamente" a confiança nas chefias militares, o ministro da Defesa lembra também que o furto em Tancos está ainda a ser investigado e que há o plano da investigação criminal e o plano da investigação levada a cabo pelo Exército.
"Sei que há um furo na cerca e que foi declarado o desaparecimento de material militar. Eu não sou investigador criminal. Não quero saber se foi A ou B, se foi de dentro ou de fora, o que sei é que material que estava à guarda do Exército desapareceu”, sublinha.
“Eu quero saber por todas as razões. Porque, se se verificar que houve cumplicidades internas isso é muito preocupante, quero saber como cidadão e como ministro da Defesa Nacional como é que isto pôde acontecer, mas eu não sou investigador e não tenho sequer o direito de me intrometer na investigação que estava a cargo da PJ militar e que foi depois assumida pela Polícia Judiciária", explica Azeredo Lopes.
Estado das instalações é "razoável", mas segurança foi reforçada
O ministro da Defesa assegura que o estado das principais instalações militares é "razoável" e que não existem "situações de fragilidade semelhantes" às de Tancos, mas admite que foram detetados casos em que se justificou reforçar a segurança.
Azeredo Lopes revela alguns pormenores do relatório que pediu no final de Junho, depois do furto em Tancos, à Inspeção-Geral de Defesa Nacional sobre o estado das principais instalações militares, concluindo que "é razoável".
"Situações de fragilidade semelhantes [a Tancos] não foram verificadas. Foram verificadas situações em que se justificava reforçar a segurança", refere o governante.
Azeredo Lopes indica ainda que a Inspecção-Geral detectou a necessidade de implementar melhorias em "três dimensões fundamentais", nomeadamente a concentração de material, o reforço dos mecanismos de vigilância e, na parte dos sistemas de informação e de gestão de informação, a criação de um sistema comum aos três ramos.
Isto significa, sublinha, "a necessidade de uma vez por todas haver um conhecimento instantâneo, atualizado, de tudo o que está nos paióis para se evitar no futuro o que ocorreu em Tancos".
Em Junho, o Exército revelou a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', tendo desaparecido granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros.
Entre o material de guerra furtado dos Paióis Nacionais de Tancos estavam "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, segundo a informação divulgada pelo Exército.
Azeredo Lopes deixa ainda críticas ao aproveitamento feito do furto de material em Tancos, considerando que "foi aumentado por razões obviamente políticas".