20 set, 2017 - 12:00 • Manuela Pires e André Peralta (sonorização)
A Web Summit vai regressar a Portugal pelo segundo ano consecutivo. Vão ser mais de 1.000 oradores, 21 conferências, 60 mil participantes de 170 países e pelo menos 1600 “startups” à procura de conhecer os mais de 1500 investidores. A cimeira decorre entre os dias 6 e 9 de Novembro, na FIL e no Meo Arena, no Parque das Nações, em Lisboa.
Nomes como Al Gore, vice-presidente de Bill Clinton, François Hollande, anterior Presidente francês, Garry Kasparov, ex-campeão de xadrez, e Liam Cunningham, actor da série “A Guerra dos Tronos", fazem parte do programa deste ano.
Embora seja mais conhecida pela vertente tecnológica, a conferência “pretende discutir temas da sociedade, no geral e onde a tecnologia os encontra”, explicou Inês Santos, coordenadora de eventos da Web Summit, à Renascença.
Há, portanto, para além dos temas mais ligados às tecnologias, “palcos de saúde, de desporto, de moda, de ‘design’”, acrescentou.
“Uma das grandes novidades deste ano é o Planet:Tech, um palco focado na sustentabilidade, no ambiente, nas energias renováveis”, revelou Inês Santos.
Com todas as alterações que têm existido a nível global, a organização quis trazer para a discussão “figuras internacionais de renome” que possam dar a sua perspectiva sobre o tema.
Robôs a discutir a actualidade
Este ano, a Web Summit vai contar com dois oradores muito especiais: a Sophia e o Professor Einstein são dois robôs, desenvolvidos pela Hanson Robotics, que vão estar em palco a discutir temas da actualidade.
A Sophia é considerada uma das mais avançadas robôs do mundo. O responsável pela empresa de Hong Kong diz que se trata de um “robô social”.
Com um aspecto muito próximo de um humano, a robô consegue simular expressões faciais, reconhecer caras, processar reacções emocionais e contar piadas.
A organização ainda não pode revelar mais sobre a participação da Sophia e do Professor Einstein na Web Summit, mas Inês Santos garante que “vai ser muito interessante”.
Web Summit, um trampolim para as “startups” portuguesas
Jaime Jorge tem 29 anos e, em 2014, decidiu ir à Web Summit. Pagou o bilhete do próprio bolso e foi até Dublin.
A ideia era apenas mostrar o que a Codacy estava a fazer, mas Jaime saiu da Irlanda com o prémio do melhor “pitch” (discurso breve de apresentação de uma ideia).
No escritório de Lisboa, Jaime Jorge contou à Renascença que a participação na Web Summit permitiu “conhecer alguns dos melhores clientes”. “Até lá tínhamos um volume de negócio relativamente baixo. Depois da Web Summit, vimos um crescimento interessante. Duplicámos por ano”, disse o co-fundador da empresa.
Os benefícios têm-se multiplicado ao longo dos anos e estendem-se até à actualidade: a “startup” portuguesa acabou de receber um investimento de 4,3 milhões de euros.
A Codacy é uma espécie de corrector ortográfico aplicado ao mundo da programação informática. “Nós garantimos que encontramos os problemas que são chatos de encontrar, que são chatos de rever, em todas as linhas de código”, explica o ex-aluno do Instituto Superior Técnico.
Uma outra história de sucesso no mundo das “startups” portuguesas é a da Cuckuu.
Na edição de 2016 da Web Summit, a Cuckuu foi convidada pelo Governo para fazer um “pitch”. Para João Jesus, um dos responsáveis pela empresa, estar onde estão os investidores é essencial, mas nem sempre os frutos surgem nos encontros mais formais. João Jesus contou à Renascença que tiveram melhores resultados nos contactos que fizeram nas iniciativas que decorreram à volta da Web Summit, nas “festas à noite”.
No último ano, a “startup” foi destacada pela Sony como uma das três melhores aplicações apresentadas na Tech Week de Londres, angariou um milhão de euros e foi seleccionada para um dos maiores programas de aceleração do Reino Unido.
A Cuckuu é uma rede social que transforma simples alarmes em momentos sociais. Com quase 60 mil utilizadores, a empresa está em mais de 100 países e tem escritórios em Lisboa, Oeiras, Londres e Índia.
Impacto de milhões na economia nacional
A organização da conferência estima que a edição do ano passado tenha injectado 200 milhões de euros na economia nacional. Um quarto desse valor foi absorvido pela indústria hoteleira e 50 milhões de euros pelos diversos fornecedores directamente ligados à Web Summit.
“O impacto do evento não se esgota no evento, nem se esgota nas dormidas nem nas visitas, mas tem um impacto a médio e longo prazo também”, explica Ana Teresa Lehmann, secretária de Estado da Indústria.
Para a governante, os benefícios são visíveis no aumento das exportações: “Têm entrado em Portugal investidores de grande nível em áreas tecnológicas. Este investimento, hoje em dia, não é para um mercado doméstico. É um investimento para um mercado global.”
Este ano, o Governo volta a ajudar as “startups” a participarem na conferência, mas desta vez vão ter de pagar metade do bilhete.
Ana Teresa Lehmann disse, em entrevista à Renascença, que o Governo decidiu aumentar para 150 o número de “startups” apoiadas. As empresas “vão ter um desconto de 50% no passe ALPHA”.
Desde 2014, o ecossistema nacional de “startups” está a crescer duas vezes mais rápido do que a média europeia.