25 set, 2017 - 16:36 • Olímpia Mairos
A seca extrema e severa que se regista no país pode provocar grandes quebras na produção de castanhas em Trás-os-Montes. A região produz 80% da castanha nacional, mais de 25 mil toneladas por ano.
“Vê-se muito castanheiro seco, resultado de um período prolongado de seca em que o castanheiro está debilitado”, diz à Renascença o presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, Albino Bento.
Se não chover durante o próximo mês, o calibre e a qualidade do fruto pode ser comprometido. “Com a falta de chuva, há também a possibilidade de alguns castanheiros secarem ou ficarem mais debilitados e serem afectados por doenças como a tinta”, realça António Bento.
Já José Laranjo, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e presidente da RefCast, a Associação Portuguesa de Castanha, entende que, por um lado pode até haver ganhos para os produtores, perante a diminuição da produção, mas, por outro, a rentabilidade deverá ser mais baixa, se a castanha tiver um baixo calibre.
“Se calhar, podemos ter uma valorização da castanha. Este ano a produção pela falta de chuva apresta-se para ser inferior à do ano passado e havendo menos produção o preço vai subir”, refere António Laranjo, alertando, no entanto, para o facto de, “sendo a [castanha] mais pequena, o preço final vai ser um balanceamento entre a menor quantidade, mas, se calhar, também pior qualidade”.
A debilidade dos recursos hídricos, consequência dos sucessivos anos com falta de chuva, levam o presidente da RefCast a defender que é “necessário repensar a forma como se produz” castanha nesta região.
“A rega do castanheiro, a partir de Agosto, é fundamental, para limitar a falta de água. O souto com rega não tem o problema dos anos secos e dos anos húmidos”, defende.
A vespa das galhas do castanheiro é outra ameaça que preocupa a produção e que está a disseminar-se pelos soutos. As entidades locais já avançaram que a única solução para combater a praga é a luta biológica que está a ser preparada.
Apesar da propagação rápida, as entidades garantem que as consequências desta praga a nível da redução da produção ainda não deverão sentir-se na campanha deste ano.