Mais de 80% de Portugal continental encontrava-se em setembro em seca severa, segundo o Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que caracterizou aquele mês como "extremamente quente".
De acordo com o boletim, disponível na página do IPMA na Internet, em Setembro registou-se um aumento da área em situação de seca severa e extrema. Segundo o IPMA, a 30 de Setembro cerca de 81% do território estava em seca severa, 7,4% em seca extrema, 10,7% em seca moderada e 0,8% em seca fraca.
No final de Agosto, 58,9% do território estava em seca severa e 0,7% em seca extrema. O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre "chuva extrema" e "seca extrema".
No Boletim Climatológico, o IPMA refere que o "índice meteorológico de seca a seis meses (Abril a Setembro), escala que reflecte o défice de precipitação ao nível da seca meteorológica e agrícola, apresentava a 30 de Setembro grande parte das bacias do território na classe seca severa".
O IPMA justifica que a "conjugação de valores de precipitação muito inferiores ao normal e valores da temperatura muito acima do normal, em particular da máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défices de humidade do solo".
O período de Abril a Setembro, segundo o instituto, foi extremamente seco, com valores mensais da quantidade de precipitação sempre inferiores ao valor médio, pelo que corresponde ao segundo mais seco depois de 2005. "De realçar que neste semestre o valor médio da temperatura máxima foi o mais alto desde 1931 e o valor médio da temperatura média o segundo mais alto (depois de 2005)", é referido.
De acordo com os dados mais recentes, a quantidade de água armazenada em Setembro voltou a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental monitorizadas.
No início da semana, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admitiu no final da reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras o risco iminente de escassez de água nos concelhos servidos pela Barragem de Fagilde, no distrito de Viseu, se continuar a não chover.
A seca já levou o Governo a decretar apoios excepcionais aos agricultores para captação de água, nomeadamente nos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre e nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, banhados pelo Sado.