11 out, 2017 - 12:53
Sete em cada dez auxiliares de saúde ganham o salário mínimo nacional (557 euros), uma situação que a Federação Nacional dos Sindicatos em Funções Públicas e Sociais exige que seja alterada.
Trabalhadores de saúde, como auxiliares e administrativos, realizam na quinta-feira uma vigília junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, onde pretendem demonstrar o seu descontentamento pela falta de uma carreira de técnico auxiliar de saúde e pelo adiamento da negociação de um acordo colectivo de trabalho para os hospitais EPE (entidades públicas empresariais).
Em conferência de imprensa, esta quarta-feira, Ana Amaral, dirigente da Federação dos Sindicatos em Funções Públicas e Sociais admite que a vigília será apenas uma primeira forma de luta, adiantando que os trabalhadores têm declarado a intenção de agravar as manifestações de descontentamento, não descartando uma greve sectorial.
Dos cerca de 25 mil auxiliares que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS), cerca de 70% recebem o salário mínimo nacional.
“Os problemas dos trabalhadores da saúde são imensos, mas há algumas prioridades, como a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde”, disse a sindicalista.
Esta carreira foi extinta em 2008, durante o Governo socialista de José Sócrates, e, passados quase dez anos, ainda não foi possível criar uma nova carreira com nenhum dos governos.
A carreira é reivindicada nomeadamente com o argumento de que as funções dos auxiliares têm “conteúdo funcional específico”. Os auxiliares têm funções de proximidade com os doentes, lembra Ana Amaral, como higiene, conforto ou alimentação.
Outra das questões que a Federação reivindica é a aplicação das 35 horas semanais de trabalho a todos os trabalhadores da saúde, numa altura em que uns trabalhadores cumprem as 35 horas e outros cumprem as 40 horas semanais.
“Isto é uma injustiça que tem de ser resolvida, é uma urgência”, afirmou Ana Amaral.
Os sindicatos pretendem ainda a reposição do pagamento das horas de qualidade, como trabalho nocturno ou fim de semana, que sofreu um corte de 50% ainda não reposto.
“A vigília é um primeiro sinal a dizer que estamos cansados e a exigir soluções. Estamos cansados de reuniões sem soluções”, insistiu Ana Amaral.
Também presente na conferência de imprensa esteve Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Função Pública, que destacou que o Governo tem “feito tábua rasa” das reivindicações dos trabalhadores da saúde, sustentando-se em “simulações de negociação”.