23 out, 2017 - 11:08
O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) duvida que a Força Aérea tenha capacidade para responder à decisão do Governo. O Conselho de Ministros decidiu atribuir aos militares, em particular à Força Aérea, a gestão dos meios aéreos para combate aos fogos.
Em declarações ao programa Carla Rocha – Manhãs da Renascença, António Mota garante que não há efectivos suficientes.
“Não creio [que sejam suficientes], a menos que sejam alijadas outras das missões que hoje são desempenhadas”, disse o responsável, colocando também em questão a capacidade técnica dos militares.
“Não é certamente a nossa especialização e não estamos a ver como é que isso vai ser operacionalizado, mas com certeza que quem toma essas decisões estará a pensar em medidas concretas”, sublinha.
No sábado, o primeiro-ministro anunciou que, na prevenção e combate a incêndios, as Forças Armadas vão ter um papel reforçado no apoio de emergência, ao nível do patrulhamento, e que caberá à Força Aérea a gestão e operação dos meios aéreos.
António Costa apontou estas medidas no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em São Bento, que durou mais de 11 horas, tendo ao seu lado o titular da pasta da Defesa Nacional, Azeredo Lopes.
Foi um Verão negro ao nível dos incêndios, com a maior tragédia nacional em termos de mortos: mais de 100 vítimas mortais e mais de 300 feridos, além de centenas de casas destruídas e um imenso património florestal queimado pelas chamas.
O sistema português contabiliza 225.447 hectares de floresta ardida este ano (equivalente ao distrito de Viana do Castelo), valor inferior ao calculado pelo Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que ultrapassa os 316.100 hectares.
Os piores anos de sempre em área ardida foram os de 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).