23 out, 2017 - 09:28
Depois do auxílio às pessoas, “a alimentação dos animais é a questão mais grave" na sequência da vaga de incêndios, diz o ministro da Agricultura. Capoulas Santos anunciou na Renascença que serão distribuídos apoios à alimentação dos animais, além das ajudas aos agricultores. E admitiu restringir a caça.
Nesse sentido, o Governo espera que, “a partir de quinta-feira, os alimentos “possam começar a ser distribuídos com a ajuda das Forças Armadas”, avança Capoulas Santos, em directo na Manhã da Renascença.
Além da questão da alimentação, “iremos atribuir apoios aos agricultores que tenham perdido máquinas, alfaias, tractores, reboques, motores de regra, animais ou mesmo culturas permanentes, como é o caso das vinhas, dos olivais e dos pomares. E as ajudas que iremos atribuir serão a fundo perdido, que para o caso dos pequenos agricultores será até 5 mil euros pago a 100% do montante dos prejuízos e acima de 5 mil euros serão financiados 50% dos montantes remanescentes”, indicou.
Segundo Capoulas Santos, vai ser aberto, “ainda esta semana”, um concurso para que os agricultores se possam candidatar a estas ajudas.
O concurso vai decorrer durante “o mínimo de tempo possível, nunca menos do que um mês, para que as pessoas possam apresentar as suas candidaturas e logo que essas candidaturas sejam apresentadas, os processos serão apreciados e imediatamente postos a pagamento”.
A área ardida este ano abrange “mais de 40 municípios, onde está um efectivo pecuário que ronda os mais de 100 mil bovinos e quase meio milhão de ovinos”, refere ainda o ministro.
Todo o processo de ajudas aos agricultores está a ser avaliado em conjunto com as autarquias afectadas e as organizações de agricultores, com quem Capoulas Santos se reúne esta segunda-feira à tarde.
“Temos já identificados os agricultores da área atingida, temos já delimitado o perímetro dos incêndios, conhecemos o efectivo pecuário de cada um desses agricultores, uma vez que eles se encontram obrigatoriamente registados nos ficheiros do Ministério da Agricultura, e estamos agora a desencadear uma operação logística: adjudicámos às fábricas de rações quantidades bastante grande de alimentos, estamos a definir com as autarquias as bases logísticas onde vão ser instalados os postos de recepção – neste momento, apontamos para cinco ou seis municípios: provavelmente, em Nelas ou Gouveia, Vila Nova de Poiares, Monção, Fafe e Tondela. Foram as sugestões que os autarcas nos fizeram”, indicou ainda o ministro.
Menos eucaliptos e eventuais restrições à caça
Esta segunda-feira, na Renascença, a associação de defesa do ambiente Quercus defendeu a suspensão da caça por causa da extensão da área ardida – uma questão que o ministro da Agricultura considerou pertinente, lembrando que “a lei já estipula que, nas áreas percorridas por incêndios, é proibida a caça durante um determinado período”.
“É uma questão pertinente, uma vez que, tendo perdido condições de habitabilidade e de alimento, os animais tendem a sair das áreas dos incêndios e ir para áreas em que tal não aconteceu. Por essa razão, o secretário de Estado das Florestas vai reunir-se ainda esta semana com as organizações de caçadores para, sobre essa matéria, ver qual é a melhor decisão a tomar”, anunciou.
No que toca a medidas referentes à floresta, o ministro recorda que o Parlamento adoptou “há dois ou três meses” um diploma sobre a matéria que estipula o fim da plantação de eucaliptos.
“O problema da nossa floresta, mais do que esta ou aquela espécie, é o seu total desordenamento, fruto de razões históricas que todos conhecemos”, começa por destacar.
“Relativamente ao eucalipto, aquilo que decidimos - e o Governo foi até muito criticado por isso - foi travar a expansão do eucalipto, isto é, não será possível aumentar a área do eucalipto em Portugal. E, pelo contrário, a única plantação de eucaliptos que vai ser possível fazer no futuro é aquela que conduz a retirar eucaliptos donde eles estão mal instalados e poder colocá-los onde possam ser mais produtivos não possam constituir risco de incêndio, na proporção de um hectare retirado por um hectare instalado, e progressivamente menos do que um hectare, até que, em cinco anos, chegamos à relação de um para meio”, explica depois.
[Notícia actualizada e título alterado às 13h05]