Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Ministro da Saúde não quer acordos a qualquer custo com médicos e técnicos

13 nov, 2017 - 15:41

Adalberto Campos Fernandes diz estar empenhado em conseguir um acordo com os profissionais do sector, mas avisa que só aceita compromissos que o Estado pode, "de facto, acomodar".

A+ / A-

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reafirmou esta segunda-feira o compromisso em conseguir um acordo com os Médicos e com os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica, mas defendeu a ideia de que esse compromisso não pode ser alcançado a qualquer custo.

“Continuaremos, como até aqui, empenhadíssimos na intenção de gerar consensos e acordos. Mas não serão quaisquer acordos. Serão os acordos possíveis que acomodem os compromissos que o Estado pode, em sede de orçamento, de facto acomodar”, defendeu Adalberto Campos Fernandes, a ser ouvido no parlamento sobre o orçamento para o sector da saúde.

“Falta-nos arrumar a questão de um pré-acordo com duas áreas muito importantes: os médicos e os técnicos de diagnóstico e terapêutica”, clarificou o ministro da tutela, anunciando o início de uma segunda ronda negocial já esta terça-feira com os últimos.

Questionado pela deputada do PCP sobre a situação das negociações com os médicos, o ministro informou os deputados que já se chegou a acordo “em relação a algumas das reivindicações” dos médicos, mas reconheceu “uma grande dificuldade em conseguir aceder no tempo [exigido] a duas reivindicações”.

Os médicos reivindicam a redução do número de utentes por médico de família, uma medida que, segundo o ministro da Saúde, “comprometeria no imediato a concretização de uma medida política inscrita no programa de governo, que é a cobertura total de médicos de família”, bem como a redução do número de horas de urgência semanal de 18 para 12 horas. Duas reivindicações que o executivo não está disposto em recuar para não comprometer a promessa inscrita no programa de governo.

“O que temos proposto aos sindicatos é um diferimento e um prolongamento no tempo dessa redução”, informou o ministro, que só está disposto em reduzir o número de utentes por médico de família depois de se atingir a cobertura total.

De acordo com a estimativa do governo, a redução do número de horas de urgência teria um encargo de 120 milhões de euros para os cofres do Estado.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • António Santos
    13 nov, 2017 Coimbra 21:41
    Os médicos deveriam ter vergonha de pedir, seja o que for, pois são os principais responsáveis, pela situação da Segurança Social, ADSE e outras, ao andarem a emitir baixas, atestados médicos falsos. Está na altura de acabar com o corporativismo desta classe.
  • Ribeiro
    13 nov, 2017 Lisboa 18:13
    Um quadro realista,cauteloso e que parece estar de acordo com as receitas do Governo ,este cuidado deve estender-se a todos os setores e estrato sociais que depedem diretamente do euros do estado.Afinal uma grande maioris das empresas privadas viveram á custa do estado-veja-se a injeção de capital na CGD e noutros bancos por empréstimos a algumas empresas não reembolsáveis etc.
  • Carlos
    13 nov, 2017 18:09
    Transcrevo aqui uma carta aberta a este sr. (com letra pequena):Exmo. Sr. Depois de o ouvir brilhantemente constatar que Portugal é um país pobre e de pessoas pobres, e que por isso os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) deveriam abandonar a greve por tempo indeterminado, pois que a ela foram obrigados devido aos incumprimentos negociais sucessivos de seu Ministério, e que se tratava de interesses pequenos e pessoais, tenho de lhe transmitir a si e ao povo do nosso país o seguinte. Os TSDT não fazem greves porque lhe apetece, uma vez que estão a perder remuneração. Fazem-no porque pretendem ver as suas qualificações e o seu saber reconhecidos, progredir no conhecimento e ter uma perspetiva de carreira condizente com a sua autonomia técnica. Ora aí está o problema! “Não pode ser. Não têm direito a isso neste país.” As classes instituídas e detentoras do poder no setor da saúde não desejam isso. Desejam manter o “status quo”. Este campo é meu, aquele é teu, etc. “Ai de alguém que queira competir pelo nosso lugar garantido por gerações e gerações.” Isso vê-se no dia-a-dia de trabalho das nossas instituições, onde os Diretores de Serviço tentam limitar o raio de atuação dos TSDT’s emanando procedimentos que lhes retiram funções para as quais têm formação. Muitas das vezes esta forma de atuação serve para justificar horários de prevenção ou horas extra que de outra forma seriam injustificáveis. Já se começa aqui a ver que o pequeno problema pode ser grande para outras classes. Estragaria a organização que tanto demorou a construir. No âmbito dos setor privado a valorização dos TSDT’s não é pequeno problema. É grande problema! Porquê? Neste momento os meus colegas licenciados são explorados por 4 a 5 euros à hora. Um salário exorbitante! “Se um não quiser, outro irá vergar-se às nossas exigências.” Lembre-se que ainda têm de descontar para o IRS e a Segurança Social. Estariam os Diretores dos estabelecimentos privados interessados nessa valorização? Não me parece. Lá se ia a margem de lucro à conta dos TSDT’s. Não será de justiça repartir pelos TSDT’s o tanto que ganham as clínicas médicas ao cobrar valores exorbitantes por consultas? Lembre-se Sr. Ministro que Portugal é um país pobre. Neste momento o profissional TSDT tem um salário médio mensal de 900 euros. Outra exorbitância. Contudo, porque se permite que nos nossos hospitais coexistam indivíduos a receber mil euros dia? Porque se permitem preços hora nas urgências tão elevados? Porque se permitem pagamentos de preços exorbitantes nas cirurgias do SIGIC? Será porque serão todos pequenos problemas? Não Sr. Ministro. Porque é do interesse duma determinada classe levar salários exorbitantes para casa no final do mês. Assim os TSDT’s já não precisam de levar tanto. “Eles ficam bem assim coitadinhos! Já estão habituados e ainda podiam estragar.” No que toca à formação contínua o estado não faz a sua parte. Então o que temos. Os médicos e outros profissionais vão a congressos pagos pela indústria farmacêutica, já o sabemos (quem sabe após um concurso público bem marinado). E os TSDT’s? “Que se lixem, paguem do vosso bolso que têm um salário bem bom.” É por estas e por outras que os TSDT’s são um pequeno problema. Também querem uma parte do bolo. Mas o que o Sr. Ministro e os seus colegas defendem é que o bolo é só de alguns. Não há que repartir. Do meu ponto de vista, acho uma tremenda falta de educação, tanto mais vindo de quem andou dez anos ou mais para concluir um curso pago pelos pobres contribuintes! Lembre-se Sr. Ministro, que Portugal é um país pobre, mas tudo isto este país permite. Que raio de país este onde tirar aos ricos para dar aos pobres não é considerada boa ação! (Um TSDT)

Destaques V+