20 nov, 2017 - 15:24
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) acusa o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, de tentar condicionar a reunião da Concertação Social, marcada para sexta-feira. Arménio Carlos acusa o ministro de ter ultrapassado o seu papel, depois de este ter-se demonstrado, em declarações à TSF, “pouco disponível” para aumentar o valor do salário mínimo acima de 580 euros.
“Não compete ao ministro do Trabalho dizer se as empresas têm ou não condições para aumentar [o salário mínimo] para os 600 euros”, acredita Arménio Carlos, em declarações à Renascença. “O Governo não tem de condicionar ou colocar-se ao lado das entidades patronais. Já que convocou a reunião da Concertação Social, o que tem de fazer é ouvir as posições e apresentar as suas propostas”, defendeu o líder da Intersindical.
O ministro do Trabalho defendeu, esta segunda-feira, que a economia não é homogénea e que muitas empresas dificilmente conseguiriam suportar um salário mínimo superior a 580 euros. Uma posição que desagradou o líder da Intersindical, que acusa o ministro de tentar condicionar uma reunião com uma entrevista no início da semana.
“Se o ministro fala tanto em diálogo social e na importância da concertação social, e se no início da semana em que vai ter uma reunião da Concertação Social já está a dizer que não pode ser mais de 580 euros… Então, não se sabe para que é a reunião, se o ministro já determinou?”, questiona Arménio Carlos, defendendo que não cabe ao ministro assumir a capacidade das empresas.
CIP disponível para negociar até 580 euros
Questionado pela Renascença, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, mostrou-se disponível para negociar um aumento de 580 euros mas “nunca acima disso”.
“Até aí é uma questão que está em aberto e que em discussão de Concertação teremos que aferir com os outros parceiros – quer governo quer sindicatos”, defendeu Saraiva, que considera a reivindicação da CGTP de um salário mínimo de 600 euros “inegociável”.
“Seria inegociável porque aquilo que está em cima da mesa são evoluções anuais”, defende o dirigente da associação empresarial que representa os patrões em sede de Concertação Social. “Há um acordo político entre o PS e o Bloco que não podemos deixar de desconhecer, mas também nada garante que o valor venha a ser de 580. É uma questão que temos de colocar em sede de Concertação, numa base credível, nessa que as empresas mais expostas possam vir a suportar”, defendeu António Saraiva.
A UGT defende a subida do SMN para 585 euros. Em entrevista à Renascença,
o secretário-geral da central sindical disse que “as empresas têm conseguido
corresponder”, graças ao “crescimento
económico”.