23 nov, 2017 - 10:39
Estão a aumentar as doenças respiratórias em Portugal, o que se traduz em mais internamentos e mais vitimas mortais. Numa década, as mortes aumentaram 24%.
As doenças do sistema respiratório continuam a ser a terceira causa de morte em Portugal e há cada vez mais casos: em 2015 morreram 22.767 pessoas, o que representa um aumento de 4.392 óbitos em relação a 2006.
Estas conclusões constam do documento publicado esta quinta-feira pelo Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR).
De acordo com o documento, na última década, a pneumonia manteve-se como a principal causa de morte por doença respiratória: cerca de 55 mil mortes por 100 mil habitantes, um valor muito acima da média europeia, que ronda as 25 mil mortes.
Olhando para o mapa de Portugal, Beja, Setúbal, Portalegre, Santarém e Faro são os distritos onde mais se morre de pneumonia.
Ouvido pela Renascença, Jaime Pina, membro deste observatório, revela que as dificuldades financeiras contribuem para este cenário, recordando um estudo feito há alguns anos sobre as características das habitações portuguesas.
“Havia uma grande percentagem de casas portugueses, insalubres e frias durante o Inverno. Ou seja, as pessoas não tinham dinheiro suficiente para aquecer as suas casas e, quando o faziam, faziam com sistemas de aquecimento que não eram muito bons, como braseiras ou lareiras. Muitas casas tinham fungos, bolores, humidades nas paredes o que cria condições propícias a haver infecções respiratórias, entre as quais também as pneumonias”, diz.
Jaime Pina refere ainda que a falta de recursos impede que mais pessoas tenham a acesso a vacinas que podem impedir algumas doenças respiratórias.
“Temos uma arma muito eficaz que é a vacina anti-pneumocócica . Ora essa vacina custa 50 e poucos euros. Há muita gente que não é vacinada porque não tem esses 50 e tal euros”, garante.
O Relatório ONDR 2017 propõe ainda várias medidas à promoção da saúde e prevenção nas doenças respiratórias, alertando para a importância do diagnóstico precoce, de melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, nomeadamente à Reabilitação Respiratória, da vacinação e da promoção de informação.