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Pedrógão. Investigador acusa Comissão de Dados de "censura"

28 nov, 2017 - 09:07

Para Xavier Viegas, a divulgação feita pelo Governo omite "aspectos importantes" e diz que "tudo fará" para que as histórias das vítimas sejam conhecidas.

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O investigador Xavier Viegas entende "que nada justifica a decisão de censurar" um capítulo do relatório e que "tudo fará" para que as histórias das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande e Góis sejam conhecidas.

Xavier Viegas, que coordenou uma equipa do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra na elaboração de um relatório sobre os fogos de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e Góis, distrito de Coimbra, reage assim num artigo de opinião publicado no jornal “Público” ao veto da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) à publicação integral do capítulo 6 do documento.

Na semana passada a CNPD vetou a publicação integral do capítulo 6 do relatório elaborado por Domingos Xavier Viegas sobre os fogos, permitindo apenas que os familiares das vítimas tenham acesso à informação.

A CNPD considera que a divulgação pública do relatório expõe "as pessoas num grau muito elevado, afetando significativamente os direitos fundamentais ao respeito pela vida privada e à proteção de dados pessoais".

O especialista explica que preparou uma nova versão deste capítulo de forma a omitir os nomes das pessoas envolvidas e "tornando o texto impessoal e de difícil leitura mas ainda assim compreensível".

No artigo de opinião, Xavier Viegas considera "penoso ver que o trabalho de uma equipa de investigação, com provas e contribuições dadas no âmbito do estudo do comportamento do fogo, da segurança e da proteção de pessoas e bens, seja censurado a bem da proteção de dados que são reconhecidamente do domínio público".

"Pela nossa parte, tudo faremos para que tal aconteça e iremos usar a nossa liberdade de investigação e o nosso direito e obrigação de divulgar os resultados da nossa investigação, para a dar a conhecer a todos os que tenham interesse nela", refere.

Equipa registou o bem e o mau

O investigador lembra que o propósito da sua equipa "foi sempre o de dar a conhecer os factos apurados, registando o que de bom e mau" lhes foi dado a analisar, sem condenar ou culpar nenhuma pessoa ou entidade, mas para comunicar, ao público em geral, as lições que se devem retirar deste eventos e para dotar as entidades pertinentes de elementos que lhes permitam "tomar decisões quando estas se imponham".

No entender de Xavier Viegas, "o ruído que se tem feito em torno deste capítulo tem, erradamente desviado a atenção das pessoas para o conteúdo do relatório, mesmo sem este capítulo".

"Na preparação e apresentação dos acidentes não nos moveu qualquer intenção de voyeurismo, de expor publicamente as pessoas ou os seus familiares, mas sim a de apresentar, com o rigor que nos foi possível ter, os factos apurados, para ficarem documentados historicamente e para servirem de ensinamento para outros", disse.

No que diz respeito à publicação de algumas subsecções do capítulo 6, que a CNPC autoriza, o investigador considera tratar-se de "partes pouco substanciais do relatório, omitindo-se assim aspectos muito importantes, que como a própria CNPD reconhece, são de interesse público".

O Governo divulgou na sexta-feira passada alguns pontos do capítulo 6 do relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande, que fazem uma análise detalhada a casos de sobrevivência, a vítimas mortais encontradas e a problemas nas comunicações. Os pontos em causa no relatório analisam várias situações, entre as quais casos de sobrevivência por as pessoas terem permanecido em casa ou em tanques de água, alguns feridos que foram socorridos, as pessoas que foram encontradas já sem vida, mas salvaguardam a identidade dos envolvidos, bem como alguns dos locais onde ocorreram as situações.

Em 17 de Junho e durante vários dias, fogos florestais devastaram extensas áreas, sobretudo em Pedrógão Grande, provocando 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos, além de elevados prejuízos materiais.

Comentários
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  • JChato
    28 nov, 2017 15:14
    O que estarão a "esconder"? OU ... "QUEM" ESTARÃO A PROTEGER? A PARTIDOCRACIA NO SEU MELHOR! E o mais "engraçado e triste" é que perante a REALIDADE do que é este "regime" (UMA PALHAÇADA) ainda há quem vote! E VIVI eu (e muitos mais) "sob vigilância da PIDE/DGS" e "dei o corpo às balas" no 25/Abril e 25/Novembro, como Oficial do Exército (voltaria a fazer o mesmo hoje) para aos (quase) 70 anos ... ver esta "pouca vergonha" em que se tornou o nosso País! ONDE ESTÁ A (NOSSA) JUSTIÇA? A JUSTIÇA INDEPENDENTE E "CEGA" É UM DOS PILARES FUNDAMENTAIS DUMA DEMOCRACIA! Isto "revolta-me"! Gostava de ser "Presidente da República" SÓ POR 6 MESES! PUNHA ESTA CAMBADA TODA (DA DIREITA À ESQUERDA) "NA LINHA"! A História "repete-se"! INFELIZMENTE! Rafael Bordalo Pinheiro disse-nos TUDO sobre a I REPÙBLICA no famoso desenho "A GRANDE PORCA"! E sabemos o que sucedeu! O meu "medo" (relativo) é que ... este "regime não acabe" numa Ditadura (seja de Direita ou de Esquerda)! Tenho "medo" é do que podem vir a viver o meu filho e ... neto! E ... não consigo "libertar-me" desta ideia! Pelo contrário ... cada dia mais "temo"!
  • Filipe
    28 nov, 2017 évora 11:51
    Problemas de comunicações o raio que os parta a todos ! Sempre na história da Terra existiram fogos e as comunicações existem à meia dúzia de anos ... sempre se combateram fogos sem comunicações e sempre se protegeram pessoas sem comunicações . Até porque as últimas tragédias na Terra demonstra que mesmo em sistemas sofisticados as comunicações não existem . Querem ver uma coisa ? Existem centenas de rádios e frequências FM em Portugal e porque razão a Proteção Civil aquando uma tragédia não toma conta dessas frequência e faz emissão conjunta ? Fazem simulacros de sismos e indicam às pessoas para terem um rádio a pilhas , para ouvir Tony Carreira enquanto morrem ? Só aqui demonstram que não sabem utilizarem os meios existentes e disponíveis , até porque os rádios hoje tem sistemas que permitem interromper emissões aquando de alertas de transito , o chamado TA e nem isso utilizam ! Francamente , andam a brincar aos mortos em Portugal , talvez para aumentar o pib ! Quando não se tem comunicações , existe as rádios e as pessoas procuram OUVIR ! ... não aprenderam com os Militares no 25 Abril quando tomaram a rádio ?
  • COSTA PANTOMINEIRO
    28 nov, 2017 Lx 10:36
    O kamarada Kosta comportando-se como o Salazar no tempo do Estado Novo escondendo as verdades.Decididamente o kamarada Costa não gosta de ouvir e ler as verdades. A sua teoria assenta nas fantasias que constrói tentando manipular a realidade...Até o Bloco de esterco já percebeu que a palavra do kamarada Costa não vale um cêntimo furado...UIm mentiroso compulsivo seguidor da escola do Sr.Pinto de Sousa, o que se diz engenheiro com curso tirado aos domingos e que tem um grande amigo e muitos milhões e que nos levou, mais a família socialista, ao resgate financeiro de mais de 78 mil milhões....

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