Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

​Cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou estão em risco

09 dez, 2017 - 15:12

Estudo conclui que obesidade é significativamente superior nas mulheres, nos mais idosos e nos indivíduos menos escolarizados, o que os torna grupos de risco.

A+ / A-

Cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou risco de desenvolver essa condição, segundo um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) a que a agência Lusa teve acesso.

As conclusões do estudo, que estimou pela primeira vez a prevalência da obesidade em todos os segmentos etários da população portuguesa, revelam que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade - estado em que um indivíduo já se encontra em risco de desenvolver obesidade.

"Somando os dois valores, constata-se que seis em cada dez portugueses (60% da população) são pré-obesos ou obesos", indica Andreia Oliveira, investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP e primeira autora do estudo.

Neste trabalho, coordenado pela investigadora Carla Lopes, foram avaliadas as prevalências de obesidade generalizada (através do cálculo do índice de massa corporal) e central (perímetro da cintura), com recurso aos dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Actividade Física (IAN-AF) 2015-2016, divulgados em Março deste ano.

Analisando os dados por sexo, faixa etária e nível de escolaridade, concluiu-se que a obesidade é significativamente superior nas mulheres, nos mais idosos e nos indivíduos menos escolarizados, o que os torna grupos de risco.

Relativamente à obesidade abdominal, definida como a razão entre o perímetro da cintura e o perímetro da anca e calculada apenas para a população adulta, verificou-se que os homens são os mais afectados, particularmente os mais idosos.

"Com este estudo, conseguimos ver o aumento gradual da obesidade ao longo da idade e percebemos que nas crianças e adolescentes já há uma percentagem bastante considerável de pré-obesidade (17% e 24%, respectivamente)", valores sobem nos adultos e aumentam muito nos idosos, explicou Andreia Oliveira.

Segundo a investigadora, as prevalências de obesidade estão a aumentar consideravelmente em todo o mundo, podendo a situação daqui a uns anos tornar-se "mesmo caótica".

"Se hoje em dia os níveis de pré-obesidade e de obesidade são já tão elevados em idades precoces, no futuro veremos que a percentagem de obesos poderá ser ainda maior, dado que sabemos que há uma elevada probabilidade de uma criança obesa vir a ser um adulto obeso", considerou.

Para Andreia Oliveira esta situação é duplamente problemática, porque a obesidade é um factor de risco para o aparecimento de várias outras doenças, como o cancro, as doenças cardiovasculares e também patologias do foro psicológico.

"Em termos de saúde pública, é um problema grave com grande prevalência no nosso país", frisou.

O estudo permitiu igualmente verificar que, aos 15 anos, há um ponto de inflexão nas prevalências de obesidade, ou seja, estas vêm a diminuir em anos anteriores, e nesta idade começam a aumentar.

"A faixa dos adolescentes é na verdade aquela que parece apresentar piores indicadores, destacando-se o baixo consumo de fruta e hortícolas, a elevada ingestão de refrigerantes e a inactividade física, com base nos resultados do mesmo inquérito", notou.

Andreia Oliveira referiu ainda que, ao nível de intervenções específicas, existem programas e estratégias que estão a ser estudados e implementados e que o caminho deverá passar pela aposta em "programas mais estruturais e pelo reforço da legislação".

A mudança das disponibilidades alimentares, a taxação de bebidas açucaradas e a criação de infra-estruturas para a prática de actividade física são exemplo disso.

Este trabalho, designado "Prevalence of general and abdominal obesity in Portugal: comprehensive results from the National Food, Nutrition and Physical Activity Survey 2015-2016", foi distinguido no dia 26 de Novembro, durante a cerimónia de encerramento do 21.º Congresso Português de Obesidade, na categoria "Obesidade e Comorbilidades".

Além de Andreia Oliveira e Carla Lopes fazem parte do estudo os investigadores Joana Araújo, Milton Severo, Daniela Correia, Elisabete Ramos e Duarte Torres.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    09 dez, 2017 évora 18:40
    Não ensinam as pessoas a comerem conforme as necessidades diárias . Hidratos Carbono , Proteínas e Gorduras vs calorias ! E , devem ser ensinadas antes de saber enviar email´s , logo pequenos nas ESCOLAS ! Depois em adultos o que fazem é ir aos médicos de família lhes oferecer viagens às Caraíbas em troca de caixas e caixas de medicamentos para a tensão alta , colesterol e afins , mas podem continuar a comer o mesmo ou até mais porque os valores baixaram com tanta tralha de drogas ! Ninguém os ensina a comer , nem convém tirar o negócio aos médicos nem acabar com as listas de espera , quantos mais obesos melhor ! Nos anos 80 as crianças brincavam nas ruas tempo a fio ... agora brincam com dois dedos nos samrtphones , não queimam calorias e o pouco , repito : POUCO que comem , supera as necessidades para o metabolismo basal e o necessário para mexer dois dedos . Houve tempos que comia-se bem , sopas de pão , carnes , enchidos , sopas da pedra , açordas , sopas de tomate , torresmos e andavam tudo chupado , até os ossos se viam ! Não se brinca nas ruas ... não se queimam calorias e não se produz suor para eliminar o SAL , anda tudo cheio de gordura e cheios de água retida , balofos ! O sistema está assim montado para uns comerem por conta da desgraça dos outros .

Destaques V+