19 dez, 2017 - 18:07
A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de uma investigação à actuação do próprio Ministério Público no caso das alegadas adopções ilegais a envolver dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
"A matéria em questão está intrinsecamente ligada com processos concretos que correram termos na jurisdição da família e crianças, área de especial e relevante intervenção do Ministério Público", refere o organismo liderado por Joana Marques Vidal, em comunicado.
"Assim, por considerar que a actuação funcional do Ministério Público no âmbito deste universo de processos não pode deixar de ser objecto de análise, a Procuradora-Geral da República determinou a abertura de um inquérito com vista a averiguar a eventual existência de procedimentos incorrectos ou irregulares", conclui a PGR.
O processo
é dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e
encontra-se em segredo de justiça.
A 11 de Dezembro, a PGR tinha anunciado a abertura de um inquérito-crime à alegada rede de adopções ilegais.
Uma investigação da TVI divulgou casos de alegadas adopções ilegais a envolver dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
O trabalho jornalístico, que começou a ser transmitido a 11 de Dezembro, revela que Edir Macedo, líder máximo da IURD, está envolvido numa rede internacional de adopções ilegais de crianças e que os seus próprios "netos" são crianças roubadas de um lar em Portugal.
Segundo a reportagem "O Segredo dos Deuses", a Igreja Universal do Reino de Deus tinha, na década de 90, um lar ilegal de crianças, em Lisboa, de onde foram levados vários menores, à revelia das suas mães.
As crianças eram entregues directamente no lar, à margem dos tribunais, por famílias em dificuldades e acabavam no estrangeiro, adoptadas por bispos e pastores da igreja de forma irregular e sem direito de contraditório às famílias.
A TVI descobriu que Edir Macedo "está envolvido nesta rede internacional de adopções ilegais de crianças, e que os seus próprios 'netos' são crianças roubadas do Lar Universal, uma instituição que à época fazia parte da obra social da igreja".
A Igreja Universal do Reino de Deus rejeita as acusações de rapto, de um esquema de adopção ilegal de crianças portuguesas e fala em "campanha difamatória e mentirosa".
Pelo menos desde o ano 2000 que a Segurança Social tem conhecimento das denúncias relativas ao alegado roubo de crianças do centro de acolhimento financiado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
Segundo apurou a Renascença, a denúncia foi feita através da linha SOS Criança, o serviço de atendimento telefónico de apoio pertencente ao Instituto de Apoio à Criança. No entanto, a Segurança Social só agiu agora, após a revelação pública do caso, feita pela TVI.