03 jan, 2018 - 16:41 • Liliana Carona
Aurora Barata, 75 anos, contabiliza os medicamentos: mais de duas dezenas de caixas, para ela e para o marido, que tem Alzheimer.
Desde o dia 15 de Outubro, nem Aurora nem o marido conseguem dormir sem ajuda de comprimidos. “São muitos medicamentos, durmo pouco, doí-me a cabeça, isto não vai passar. Quem viveu aquilo tudo, sem poder fazer nada... Estou na cama e parece que passa um filme. Se acordar às 4h30, já não durmo, é um filme que me passa pela cabeça... As outras pessoas também deve ser assim”, desabafa a moradora de Tourais, freguesia do concelho de Seia.
Mas não é só Aurora Barata, realojada na casa do filho, depois dos incêndios, que precisa de medicamentos. Várias dezenas de famílias vão ser apoiadas na comparticipação dos fármacos, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre a autarquia e ums instituição de solidariedade.
“É um protocolo muito recente que a Câmara de Seia e a Associação Dignitude celebraram e que visa dar mais um contributo às pessoas que ficaram afectadas pelos incêndios", explica Odete Branquinho, assistente social da autarquia de Seia.
"As pessoas estão fragilizadas e, muitas vezes, têm que recorrer a mais suplementos. A pessoa tem um cartão, dirigi-se a uma farmácia e avia a receita pelo médico e não paga nada”, esclarece a responsável.
De acordo com a autarquia de Seia, o valor não comparticipado será financiado em 50% pelo município, sendo os restantes valores assegurados pelo "Fundo Solidário Abem", composto por uma rede de parcerias que assegura o circuito solidário do medicamento.
O programa ter uma duração prevista de três meses e é desenvolvido, gerido e operacionalizado pela Associação Dignitude, ficando a cargo da autarquia a referenciação das pessoas que irão beneficiar da medida de apoio.
Em Tourais, na moradia com o número 40 , restam os destroços do que foi um dia a casa de Aurora e Adriano, paredes meias com outras casas no mesmo estado de destruição. Os medicamentos ajudam a suavizar a dor mas não fazem apagar o trauma causado pelos incêndios de Outubro.
“O meu marido ainda hoje continua a querer ir para casa, não posso ter a porta aberta. 'Vais para onde?' 'Vou para minha casa', diz ele."