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Projecto pioneiro para tratar doenças de fígado criado em Trás-os-Montes

17 jan, 2018 - 09:34 • Olímpia Mairos

Região regista uma elevada prevalência de doenças do fígado, directamente ligadas com o consumo de álcool.

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As unidades de saúde dos distritos de Bragança e Vila Real acabam de criar o Grupo Hepatológico Transmontano para um trabalho em rede de diagnóstico e tratamento das doenças do fígado.

O projecto “pioneiro no país” junta o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste e os agrupamentos de centros de saúde dos dois distritos e visa evitar deslocações dos utentes ao litoral.

“As doenças de fígado, em Trás-os-Montes, são algo de muito característico e de muito comum, que possuem uma prevalência muito elevada, principalmente a doença hepática provocada pelo álcool”, refere o director da unidade de hepatologia do CHTMAD, José Presa Ramos.

Só na unidade do CHTMAD em 2017 foram seguidos 2.500 utentes com doença hepática. O director clínico do CHTMAD, João Gaspar, indica que “a nível da hepatite C, a incidência vai de 0,5 a 0,8%”

“Se fizermos as contas a cada médico de medicina geral familiar que tem dois mil doentes, dá para cada um cerca de 10 a 16 doentes, por isso, é um universo grande de doentes com esta patologia”, acrescenta.

A elevada prevalência de doenças do fígado na região, segundo José Presa Ramos, está directamente ligada com o consumo de álcool, a má alimentação das pessoas” e a existência na região de quatro estabelecimentos prisionais, cuja população constitui um grupo de risco em relação às hepatites.

Unidos seremos mais fortes

O Grupo Hepatológico Transmontano vai trabalhar em rede e juntar conhecimentos, sinergias e doentes, a fim de tratar o maior número possível de doentes na região, evitando “o calvário” das deslocações para os hospitais do Porto.

“Um doente que seja tratado no Porto levanta-se às quatro horas da manhã, para apanhar o autocarro que vai lá no princípio da semana para colher análises. Vem para cima, se possível, no autocarro das duas horas da tarde, para depois, na quinta-feira, se levantar outra vez às quatro horas da manhã, para ir à consulta. Isto é um calvário completo e não é justo para o doente”, afirma o director da unidade de hepatologia do CHTMAD, José Presa Ramos.

Como os médicos dos centros de saúde “estão na linha da frente da detecção das doenças”, o director clínico do CHTMAD, João Gaspar, diz que já “está a ser feito um trabalho de divulgação do Grupo Hepatológico junto dos cuidados de saúde primários para se articularem connosco para serem nossos parceiros neste desiderato que é tratar os doentes com hepatopatia crónica, uma das principais preocupações na nossa área geográfica”.

João Gaspar dá como exemplo o Agrupamento dos Centros de Saúde do Alto Tâmega e Barroso, onde a hepatopatia crónica é mesmo a doença que mais preocupa os médicos.

O tratamento será, depois, uma decisão conjunta entre os especialistas do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, que podem recorrer à videoconferência para discutir os casos, tornando o processo mais célere.

O projecto visa também uma partilha de meios humanos e tecnológicos, como a radiologia de intervenção do CHTMAD, que começará a dar resposta à ULS Nordeste.

Eugénia Madureira, directora clínica dos cuidados hospitalares da ULS do Nordeste, destaca como aspectos positivos do projecto a “partilha de experiências, a discussão de casos e o proporcionar um melhor serviço aos doentes, evitando muitas vezes deslocações desnecessárias a hospitais do Litoral”.

“Nós temos possibilidade de, na maior parte das situações, resolvermos dentro de Trás-os-Montes. Esse é um dos objectivos, servirmos melhor os nossos doentes", enfatiza.

Para a directora clínica dos cuidados hospitalares da ULS do Nordeste, este projecto visa também “evitar o esvaziamento do interior”, realçando que “a ideia é sempre esta, unidos seremos mais fortes”.

Comentários
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  • João Cláudio
    18 jan, 2018 Vila Pouca de Aguiar 09:49
    Excelente notícia para a região! Parabéns a todos os envolvidos no projeto e a quem deu a conhecer esta medida benéfica para a população, em essencial para quem tem menos recursos socioeconómicos...
  • Maria de Lurdes alve
    18 jan, 2018 Lagoa Mafra 08:10
    Também podem começar esse estudo aqui em Lagoa Mafra.Só bebem vinho e cervejas,consumos exagerados,entre outras bebidas.E raro pedirem uma garrafa de agua,Alguns vão de gatas para casa,outras sinistram os proprios carros contra os muros,outros levam canteiros de cimento e pesados a frente do carro.Por acaso ainda não mataram ninguém, mas só por acaso!algum dia vai.Também c algumas drogas a mistura.Como e possível isto acontecer numa povoação tão pequena e q praticamente não saem daqui.Desenvolve se pouco nesta terra e é pena.Esses vão ser os pais e os homens do futuro?Quem diz homens fala em mulheres também que aqui algumas são piores que os homens.E pena o ser humano deixar se arrastar desta forma é por vezes sem controle ja viciados!As autoridades tb não ligam muito a situação infelizmente. A noite bêbados dentro do café com o carro a porta,daí saem alcoolizados e a conduzir a sua própria viatura.
  • tito
    17 jan, 2018 faro 15:36
    O esvaziamento do interior é inevitável e enexoravel,por esta e muitas outras razoes, ligados á demografia existente e aquela que se prespetiva para o futuro,o resto é puro engano-Em 2030 seremos 6 milhões?Ora sobram casas no litoral e ficam vazias as do interior .A luta pelo interior seria mais na perspetiva do que fazer dele mais do que integrar população.

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