18 jan, 2018 - 18:23 • Olímpia Mairos
O fogo que começou na Lousã, no distrito de Coimbra, a 15 de Outubro de 2017, foi causado “por um acidente eléctrico de um cabo de alta tensão”, revelou esta quinta-feira Paulo Fernandes, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e membro da comissão técnica independente aos fogos de Pedrógão Grande e de Outubro.
“Creio que bateu numa árvore ou uma árvore que tombou sobre um cabo”, disse o investigador aos jornalistas, à margem de um debate em Vila Real.
O investigador comentava a notícia da SIC que avançou que está concluído o inquérito ao incêndio de Pedrógão Grande, com o Ministério Publico a constituir um total de nove arguidos e confirmou que uma descarga eléctrica (um raio) esteve na origem do fogo.
Questionado sobre esta conclusão, Paulo Fernandes considerou que este “tipo de acidentes eléctricos, com ou sem raio, são relativamente frequentes em dias com as condições meteorológicas que se fizeram sentir em Pedrógão Grande”.
“Os fogos naturais sempre ocorreram e os fogos por acidente eléctrico também, particularmente em dias deste tipo, com ventos. Voltou a acontecer em 15 de Outubro, por exemplo: o fogo que se iniciou na Lousã, e é o maior de sempre em Portugal, foi causado exactamente por um acidente eléctrico de um cabo de alta tensão, creio, que bateu numa árvore ou de uma árvore que tombou sobre um cabo”, salientou.
Paulo Fernandes referiu que “a tendência natural das pessoas é atribuir os fogos ao crime, aos criminosos, mas os fogos naturais sempre ocorreram e os fogos por acidente eléctrico também, particularmente em dias deste tipo com ventos”.
A comissão técnica independente nomeada pelo Governo tem até 19 de Fevereiro para entregar o seu relatório sobre os incêndios de Outubro na Assembleia da República.
Os grandes incêndios de 2017, primeiro em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em Junho, e depois em vários concelhos da região Centro, em Outubro, vitimaram pelo menos 111 de pessoas, deixando ainda dois desaparecidos.
Paulo Fernandes falava aos jornalistas à margem de uma reunião de trabalho dos parceiros do projecto Firextr, que é coordenado pela Universidade do Porto e tem como base “prevenir e preparar a sociedade para eventos extremos de fogo: o desafio de ver a floresta e não somente as árvores”.
O projecto arrancou em Julho de 2016 e deverá estar concluído até Junho de 2019.
Esta reunião de trabalho antecedeu um congresso que junta especialistas nacionais e estrangeiros num debate sobre os incêndios extremos, os seus factores e casos de estudo recentes, como o de Pedrógão.