18 jan, 2018 - 20:57
A presidente do Infarmed assumiu no Parlamento que o anúncio da transferência da sede de Lisboa para o Porto está a perturbar a actividade habitual da entidade, da qual 20 funcionários pediram este mês para sair.
Maria do Céu Machado foi ouvida, a pedido do PSD, numa comissão parlamentar de Saúde extraordinária sobre a transferência da sede do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, anunciada em Novembro pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
"É difícil continuarmos o trabalho normal pensando que vamos estar seis meses sem saber o que vai acontecer", afirmou, numa referência ao grupo de trabalho criado pela tutela para avaliar a viabilidade do processo, e que tem que apresentar um relatório até ao fim de Junho.
A presidente do Infarmed considerou que o que está em causa não é a localização, mas "mexer numa estrutura pesada, com uma rotina diária com tanta pressão externa, e tão intensa, e à qual se consegue dar resposta".
Uma das consequências do anúncio do governo, contestado pela maioria dos trabalhadores, foi o pedido em Janeiro, até à data de hoje, da saída de 20 funcionários da instituição, salientou.
A pediatra frisou que não foram ainda "demonstradas as razões" de que a transferência da sede do Infarmed será "uma mais-valia", e que qualquer mudança na instituição "será muito mais difícil e disruptiva" se o conselho directivo e os trabalhadores, excluídos do grupo de trabalho, não forem envolvidos no processo.
Segundo Maria do Céu Machado, a transferência da sede tem também "um impacto financeiro que não é pequeno", que não contabilizou.
A presidente da entidade reguladora do medicamento "é a favor da descentralização" de serviços, na óptica de o Infarmed "ter algumas áreas de crescimento" na sua actividade, como ter núcleos de inspecção e farmacovigilância em várias zonas do país.
Nas suas intervenções, PSD, BE, PCP e CDS-PP questionaram a credibilidade do anúncio da transferência da sede do Infarmed, invocando que o plano estratégico da entidade, aprovado em Setembro, não prevê esta medida, e criticaram a exclusão do conselho directivo e da comissão de trabalhadores do grupo de trabalho que vai estudar os impactos da mudança, e que, de acordo com Maria do Céu Machado, integra especialistas que prestam serviço ao próprio Infarmed.
O PS invocou que "não há uma decisão definitiva, mas uma intenção", respondendo a uma "orientação política" do Governo, a da "descentralização dos serviços como forma de alcançar a coesão territorial". O partido assinalou que os interesses dos trabalhadores serão salvaguardados.