18 jan, 2018 - 20:02
A direcção da associação Raríssimas prolongou a suspensão de Paula Brito da Costa até que estejam concluídos todos "os procedimentos legais com vista à descoberta da verdade", anunciou à Lusa a nova presidente da associação.
Até que todos os procedimentos estejam concluídos, a ex-presidente da Raríssimas não poderá aceder a nenhum dos espaços da associação, disse Margarida Laygue.
Em 20 de Dezembro, a anterior direcção da Raríssimas -- Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras determinou a "suspensão preventiva por 30 dias" de Paula Brito da Costa do cargo de directora-geral da associação, por indícios de "ilícito laboral".
Na véspera de terminar o prazo de suspensão de Paula Brito da Costa, Margarida Laygue revelou à Lusa que a direcção da Raríssimas decidiu continuar a suspensão, "sem data de término definida", até estar a decorrer "todos os trâmites legais e as questões envolventes".
"Os procedimentos legais com vista à descoberta da verdade estão em curso e devemos aguardar pela conclusão confiando nas instituições envolvidas", disse Margarida Laygue, citando uma declaração da direcção da associação.
Neste âmbito, Paula Brito da Costa "mantém-se suspensa até indicação em contrário e não poderá aceder a nenhum dos espaços pertencentes à associação, nomeadamente a Casa dos Marcos, delegações e sede", disse a nova presidente que tomou posse do cargo no passado dia 5 de Janeiro.
A Raríssimas é uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) que recebe financiamento do Estado, cuja gestão foi colocada em causa por uma reportagem da TVI, exibida em 9 de Dezembro.
Os depoimentos e documentos mostrados pela TVI denunciam alegadas irregularidades, incluindo o uso indevido de dinheiro da IPSS para fins pessoais, visando em particular a fundadora e, até então, presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, que se demitiu do cargo na sequência da reportagem.
Paula Brito da Costa foi entretanto constituída arguida, no âmbito da operação Raríssimas desenvolvida pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, que está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
Este caso provocou, no dia 12 de Dezembro, a demissão do secretário de Estado da saúde Manuel Delgado, que a TVI noticiou ter sido consultor remunerado da Raríssimas, contratado entre 2013 e 2014, com um vencimento de três mil euros por mês.
Em 3 de Janeiro, foi eleita em Assembleia-Geral Extraordinária uma nova direcção da Raríssimas, com base numa lista apresentada por pais de utentes e funcionários da associação, presidida pela socióloga Sónia Margarida Laygue, mãe de uma criança de três anos com uma doença rara.
Na cerimónia de posse, em 5 de Janeiro, Sónia Margarida Laygue elegeu como prioridades "esclarecer a situação financeira da instituição, manter o financiamento e apoios previstos nos próximos meses" e "retomar a confiança de todos os parceiros.