03 fev, 2018 - 00:00 • José Luís Presa, presidente da Anespo - Associação Nacional de Escolas Profissionais
A informação disponibilizada pelo Ministério da Educação através do Portal Infoescolas, abarcando dados relativos ao ensino básico e secundário, permite uma maior legibilidade do sistema de ensino e dos resultados obtidos, apurados por ano curricular, idade, taxas de retenção ou desistência em cada ano letivo, mas o que me parece da maior relevância é que permite extrair resultados comparativos de escolas que trabalham em contextos semelhantes.
Recordo que a disponibilização destes dados era reclamada, desde há muitos anos, pelos membros do Conselho Nacional de Educação, entre os quais me incluo, mas também pelos estudiosos e pelos operadores de educação e formação que precisavam desta ferramenta para planear, organizar, executar e avaliar os percursos educativos e formativos.
A partir de agora não há desculpas. Há muitos dados e muitas dimensões para sobre elas se refletir.
O argumento da falta de informação deixa, em grande parte, de existir. O conhecimento da realidade das escolas públicas e privadas e dos itinerários de formação está mais próximo dos cidadãos. A partir de agora, é mais fácil fazer opções e desenhar estratégias com vista à melhoria contínua do sistema de ensino e formação e esta deverá ser uma exigência nacional.
Fica o lamento de que os dados quantitativos e qualitativos, agora tornados públicos, não sejam os mais atuais pois os últimos da série referem-se ao ano letivo 2015/2016, quando seria expectável que, pelo menos, integrassem informação sobre o ano letivo de 2016/17.
De qualquer modo, todos sabemos que, com base nestes dados, há sempre o recurso às inferências estatísticas que nos permitem fazer uma aproximação à realidade.
No que se refere às questões ligadas aos percursos de dupla certificação, escolar e profissional, que são oferecidos pelas escolas profissionais, a minha satisfação é grande face aos dados agora tornados públicos.
Uma maioria significativa das escolas profissionais apresenta indicadores de realização acima da média no que diz respeito aos dos alunos que concluem o ensino profissional em três anos. Por isso, enquanto presidente da Direção da Anespo – Associação Nacional de Escolas Profissionais, deixo os parabéns aos artífices de todo esse trabalho que nos coloca, neste domínio, ao nível do que melhor se faz a nível nacional e, pelos dados de que dispomos, também na União Europeia.
Os jovens, as famílias, as empresas e as demais instituições que integram o nosso tecido económico e social sabem que podem confiar nas escolas profissionais, mas é preciso colocar o dedo na ferida, porque a análise dos dados permite concluir que:
Esta última reflexão é importante porque são estes os alunos que engrossam as fileiras do desemprego, em especial, do desemprego jovem. Esta constatação tem outras consequências porque, não tendo qualquer qualificação profissional, os empregos são, normalmente precários, são mal pagos e nem a formação ao longo da vida os salva, porque praticamente não existe, ou não se adequa aos contextos pessoais e empresariais.
Por outro lado, sabe-se que as formações profissionalizantes, se adequadas aos perfis dos alunos, atendendo às suas tendências vocacionais, são o melhor remédio para os fenómenos do abandono e insucesso escolar.
A experiência das Escolas Profissionais diz-nos que os alunos que frequentam os cursos que gostam são assíduos, pontuais, têm sucesso escolar e profissional e, sobretudo, nunca desistem nem abandonam a escola.
Estas são, por isso, boas razões para o país olhar de forma satisfatória para a experiência das escolas profissionais que, manifestamente, está a dar bons frutos.
O princípio da melhoria tem que ser uma constante. Os nossos padrões de qualidade são aferidos em função do que de melhor se faz nos países da Europa, com os quais as Escolas Profissionais, desde sempre, estabeleceram protocolos de cooperação.
Importa continuar nesta senda e melhorar cada vez mais os desempenhos das escolas, em geral, e das que promovem cursos profissionais, sejam públicas ou escolas profissionais privadas, em particular, porque isso exige o país.