11 fev, 2018 - 16:52
Os mais de 200 reclusos que no sábado provocaram distúrbios no Estabelecimento Prisional de Lisboa estão este domingo fechados nas celas e o grupo de intervenção policial dos serviços prisionais está de prevenção em Monsanto, disse fonte sindical à Lusa.
O presidente do Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional (SINCGP), Júlio Rebelo, adiantou que a situação continua instável no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) com os mais de 200 reclusos da ala E fechados na cela o dia todo, sem sair para comer as refeições.
Júlio Rebelo disse também que o grupo de intervenção policial dos serviços prisionais, com cerca de 20 elementos, está de prevenção no Estabelecimento Prisional de Monsanto.
O presidente do sindicato considerou os incidentes de sábado no EPL de "muito graves" que levantaram "problemas de segurança", apesar de não ter chegado a ser um motim.
Após terem visto a hora da visita encurtada para meia hora no sábado, os reclusos da ala E partiram caixotes do lixo, deitaram a comida para o chão, vandalizaram o refeitório à hora de jantar, tendo sido necessário chamar à cadeia o grupo de intervenção policial dos serviços prisionais.
Júlio Rebelo disse que alguns reclusos chegaram a incendiar caixotes do lixo.
Em declarações à agência Lusa, o diretor geral dos Serviços Prisionais afirmou que o abandono do posto por vários guardas do EPL provocou "alguma gritaria" entre os reclusos, "mas não passou disso", referindo que o grupo de intervenção policial dos serviços prisionais foi chamado à prisão, como "faz parte dos procedimentos, mas nem sequer atuou".
Celso Manata disse que "houve um conjunto de guardas que às quatro horas da tarde abandonaram o serviço ilegalmente", o que provocou "dificuldade em manter os horários normais" nas visitas, refeições e medicação.
O presidente do Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional refutou estas declarações de Celso Manata, sublinhando que os guardas prisionais "não abandonaram" o serviço, uma vez que o seu horário terminava às 16h00.
"Com o novo horário imposto, o diretor-geral quer obrigar os guardas prisionais a trabalhar mais duas horas", disse.
Celso Manata indicou que o novo horário por turnos de oito horas, que começou em janeiro deste ano em seis estabelecimentos prisionais "tem estado a funcionar bem em todo lado, menos em Lisboa", devendo os guardas que saem às 16h00 sair às 19h00.
Também o presidente do Sindicato Nacional do Corpo dos Guardas Prisionais, Jorge Alves, disse no sábado à Lusa que o EPL se debate com falta de efetivos da guarda prisional, o que tem levado a que serviços, como as consultas médicas, sejam sistematicamente adiados.