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Investigação: Uso “excessivo e desregrado” da internet conduz a perturbações

15 fev, 2018 - 11:17 • Olímpia Mairos

Depressão, ansiedade ou hostilidade são algumas das perturbações a que este uso excessivo pode conduzir. Jovens são a principal preocupação.

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Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que estudaram as dependências no uso da Internet, associadas a sintomatologias psicopatológicas, concluíram que o uso “excessivo e desregrado”da internet conduz a perturbações patológicas como "depressão, ansiedade ou hostilidade", em especial quando este uso se dá ao nível dos jovens.

“O comportamento abusivo, qualquer que seja, e sobretudo na adolescência, que é um lugar de todos os perigos, porque a identidade está ainda em busca de um caminho, deve ser considerado um sinal, um sintoma de que algo não está a correr bem”, refere investigadora Otília Fernandes, psicóloga clínica e uma das investigadoras responsáveis pelo estudo.

A investigação, que usou como amostra 418 indivíduos de todo o país, 166 do sexo masculino e 252 do sexo feminino, e realça a adição à internet e o seu uso excessivo e desregrado como “fator precipitante para o desenvolvimento de sintomatologia patológica” ao nível da depressão, ansiedade, hostilidade e sensibilidade interpessoal.

O estudo alerta também para a necessidade de “maior atenção por parte dos profissionais de saúde quanto aos hábitos desenvolvidos online e da perceção que o próprio indivíduo tem do seu grau de adição”.

Em termos de personalidade, o estudo mostra que “o neuroticismo elevado, caracterizado pela instabilidade emocional, e a baixa conscienciosidade, caracterizada pela falta de organização, disciplina e regras, evidenciam-se como fortes preditores da adição à Internet”.

Otília Fernandes, encara os resultados do estudo como sinais de alerta em especial para os mais novos, que vivem "colados" aos smartphones e jogos.

“Determinadas atividades, nomeadamente os videojogos e as redes sociais, têm forte relação com a problemática, enquanto atividades ligadas a recompensas imediatas e mecanismos de imersão, fantasia, socialização, competição e reconhecimento social, entre outros fatores que poderão servir como isco a indivíduos predispostos ao desenvolvimento de uma adição”, alerta.

A investigadora e psicóloga considera que “basta muitas vezes um olhar atento e compreensivo e de disponibilidade para o jovem não se sentir só e poder falar do que o atormenta”.

“Não é fácil, mas é possível, se tivermos em conta que qualquer dependência é sempre uma máscara, que, como tal, esconde e revela, bastando muitas vezes a nossa disponibilidade para estarmos com o jovem”, refere.

Otília Fernandes defende que a partilha de um problema “já é meio problema resolvido” e considera que “só restringir o uso não basta”. “Há muitas pessoas que advogam políticas de restrição sem terem o cuidado de acompanhar isso com políticas de compreensão, o que é profundamente errado”, conclui.

O estudo, intitulado “Adição à Internet: Relação com a Sintomatologia Psicopatológica e a Personalidade”, foi desenvolvido pelo psicólogo Luís Afonso Ferreira, no âmbito do mestrado em Psicologia Clínica, com orientação de Otília Fernandes e Inês Relva, docentes e investigadoras desta área do conhecimento.

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