17 fev, 2018 - 21:32
A Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) lamentou, junto do Presidente da República, a falta de apoios à recuperação empresarial, alertando que há "muitos postos de trabalho em causa".
No final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu este sábado em Lisboa, o líder da AVMISP, Luís Lagos, lamentou a desigualdade que existe entre o apoio às empresas atingidas pelos incêndios de outubro e as afetadas pelos fogos de junho (sobretudo na zona de Pedrógão Grande).
"Existe uma grande debilidade no apoio às empresas [afetadas pelos incêndios] de outubro. Não estamos aqui a fazer uma comparação entre as tragédias, não queremos fazer isso", disse Luís Lagos.
O presidente da associação avisou que "se essa debilidade não se extinguir há muitas empresas que vão terminar. São postos de trabalho que ficam em causa, é a atividade económica de uma região com baixa densidade demográfica, que tem pouca gente, pouca juventude, que fica em causa".
Conseguir fixar pessoas na zona centro do país, afetada pelos incêndios de outubro passado, "é fundamental" para acabar com o verdadeiro problema, já que "o fogo foi só a consequência" do problema da interioridade, disse.
"Achamos ridículo quando se quer atrair grandes investimentos [para o interior] quando neste momento há empresas no interior do país que precisam de uma ajuda pelo menos de igualdade de relação [à fornecida às vítimas dos fogos de] junho e isso não está a acontecer", criticou Luís Lagos.
No final da reunião, a AVMISP mostrou-se satisfeita com a posição de Marcelo Rebelo de Sousa: "Sentimos da parte do Presidente uma grande sensibilidade em relação aos incêndios e à tragédia que nos assolou, um conhecimento perfeito da região, das dificuldades e uma vontade imensa de ajudar e de colaborar na construção do que temos de enfrentar, quer na reconstrução empresarial, quer na reconstrução de casas, quer da vida das pessoas", disse Luís Lagos.
O presidente da associação considerou ainda "fundamental que a classe política esteja no terreno para perceber o que se passa", sublinhando que "só assim é que é possível ter conhecimento do mesmo".
Nos incêndios de junho e de outubro de 2017 morreram pelo menos 112 pessoas.