20 fev, 2018 - 14:27
Nem médicos nem enfermeiros parecem recetivos às propostas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto para a área da saúde, conhecidas esta terça-feira.
Na opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, a gestão dos centros de saúde deve manter-se na esfera do Estado central, porque “a saúde é demasiado importante para ficar ao livre arbítrio das Câmaras”.
“Até poderão melhorar o acesso aos cuidados de saúde, mas outras podem falhar redondamente e não podemos ter aqui cidadãos que têm acesso aos cuidados de saúde dependendo do código postal”, começa por apontar, em declarações à Renascença.
“A segunda questão é que pode fazer com que os grandes centros urbanos, que têm mais capacidade de influência sobre o próprio Governo, possam consegui melhorar algumas situações, mas nas zonas mais periféricas as dificuldades podem até aumentar”, prossegue.
Por tudo isto, diz Miguel Guimarães, “as áreas da saúde, da justiça e da educação têm de ter a responsabilidade direta do Governo”.
Do lado dos enfermeiros, a presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses diz que as propostas conhecidas não vêm “ao encontro daquilo que na realidade são as necessidades de cuidados de saúde da população portuguesa”.
“Quando dizem que querem fazer a gestão dos horários dos funcionários que estão nos centros de saúde, o que é que isto significa? Quais as consequências que isto tem?”, questiona Guadalupe Simões.
Mas, na opinião da sindicalista, “a questão prioritária” é outra: “a promoção da saúde e o acompanhamento das pessoas em casa e isto não se faz com o alargamento do funcionamento do centro de saúde, faz-se com o desenvolvimento de projetos na área da promoção da saúde e da prevenção da doença, e com mais enfermeiros disponíveis para desenvolver intervenções em casa das pessoas, junto dos familiares”.
Esta terça-feira, foram conhecidas algumas das propostas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto no âmbito da descentralização. À Renascença, o presidente da Câmara de Gaia e área metropolitana do Porto afirmou que os autarcas querem “participar na gestão de base local, tendo em conta as especificidades locais” e “fazer mais e melhor pelo serviço de proximidade”.
É nesse sentido, e para aliviar os serviços de urgência, que ponderam alargar os horários dos centros de saúde à meia-noite.