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Raríssimas. Presidente pede voto de confiança e alerta para risco de fecho

22 fev, 2018 - 07:49

Margarida Laygue diz que estão a “trabalhar para inverter a situação”. A instituição apoia 247 utentes.

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A presidente da Raríssimas, Margarida Laygue, alerta que a associação corre o risco de fechar caso os mecenas deixem de a apoiar e reconhece que o Estado é que tem permitido a sobrevivência da instituição.

“Efetivamente há esse risco, não vou negar, mas estamos a trabalhar para inverter a situação”, afirmou em entrevista à agência Lusa, na Casa dos Marcos, na Moita, a nova presidente da Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras.

Segundo Margarida Laygue, o Estado “tem sido exemplar” e tem “permitido continuar” o trabalho da associação, que apoia 247 utentes.

[O Estado continua] “a apoiar-nos como sempre apoiou nas contratualizações que fazemos, dos utentes que recebemos do Estado”, o que permite continuar o serviço em determinadas valências, frisou.

No entanto, “há uma percentagem grande” do trabalho da instituição que “sobrevive com o apoio dos mecenas e essa parte está a ser afetada”. “Não estarmos continuamente a receber esses apoios vai fazer com que haja um risco” de a instituição fechar portas, advertiu.

Quando fez um mês que tomou posse, no início de fevereiro, Margarida Laygue apelou em conferência de imprensa para a ajuda dos portugueses, principalmente dos mecenas, para salvar a instituição.

Depois deste apelo, disse que houve “algumas manifestações” de pessoas que escreveram a dizer que queriam contribuir com algum donativo e de duas empresas.

“Infelizmente não teve a extensão de impacto que pretendíamos que tivesse, mas não desistimos e vamos continuar”, afirmou Margarida Laygue, reconhecendo que “do ponto de vista geral” pensou que “iria mobilizar muito mais” apoios e reiterando que vai prosseguir o trabalho de recuperar a confiança dos portugueses.

“O importante é a causa”

Apesar de reconhecer que ainda “é muito pouco tempo” para a direção dar provas, pediu aos portugueses para darem “um voto de confiança” no trabalho que está a desenvolver.

Alguns passos já foram dados para salvar a instituição, como “cortar alguns custos que não eram imprescindíveis para a associação” e negociar com os fornecedores para se reduzir as despesas mensais.

Uma “auditoria certificada às contas de 2017”, “rever o orçamento traçado”, contactar com os mecenas e a criação de um sistema para que estes sejam informados sobre como foram aplicadas as verbas doadas são outras medidas em desenvolvimento, adiantou.

Apesar de toda a polémica que envolveu a Raríssimas e que levou à destituição da antiga presidente, Paula Brito da Costa, que foi constituída arguida, a associação conseguiu garantir que “todos os serviços continuassem a funcionar” com o apoio dos colaboradores que fizeram “um esforço para continuar com as suas obrigações”.

Os pais também “estão tranquilos”, porque “nada foi interrompido” nos serviços terapêuticos e de acompanhamento, no lar, na unidade de cuidados continuados e no centro de reabilitação.

Para Margarida Laygue, “o importante é a causa” e a instituição poder “permanecer para além das pessoas” que a estão a dirigir.

Paula Brito da Costa, fundadora da Raríssimas, demitiu-se da presidência após uma reportagem da TVI em que se levantavam suspeitas sobre a sua gestão, nomeadamente a utilização de verbas da instituição para diversos gastos pessoais.

Sobre o que a levou a abraçar este desafio, Margarida Laygue disse que foi o facto de também ser mãe de “uma menina rara”, que frequenta diariamente há mais de um ano e meio a Casa dos Marcos para fazer os tratamentos e terapias que precisa.

“Quando surgiu esta polémica na televisão (…) fiquei bastante preocupada”, afirmou, porque “infelizmente não existem assim tantas respostas que congreguem tantas especialidades de reabilitação como a Raríssimas consegue fazer na Casa dos Marcos”.

Pensou que “era essencial ajudar de alguma forma, fosse ela qual fosse, para que a Raríssimas continuasse”.

Quando pais e colaboradores decidiram apresentar uma lista, Margarida Laygue disse que se sentiu “impelida, quase que instintivamente, para o fazer”.

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