14 mar, 2018 - 20:17
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O presidente da Câmara de Mação espera que o conselho de ministros de quinta-feira alargue o prazo para a limpeza da floresta. Vasco Estrela diz que o Governo está a criar uma ilusão de segurança.
Em entrevista à Tarde da Renascença, emitida a partir de Mação, Vasco Estrela não “discute a pertinência destas medidas e a necessidade de garantir a limpeza dentro e ao redor das populações”, mas com prazos adequados.
O autarca de um dos concelhos mais atingidos pelos incêndios de outubro diz que o Governo está a criar uma ilusão de segurança com a imposição de limpeza de matos até esta quinta-feira, 15 de março.
“Eu disse que o país devia parar para pensar no que tinha acontecido e como íamos garantir a segurança das pessoas. Coisa diferente é tentar passar a imagem ao país que as coisas vão ser feitas e que não vai voltar a acontecer aquilo que aconteceu no verão trágico de 2017. Esse pode ter sido o erro. O Governo tentou criar pressão sobre as pessoas, pressão sobre as autarquias, mas podemos tentar transmitir uma imagem de segurança que pode não ser real e isso pode vir a criar problemas”, alerta o autarca.
A Câmara de Mação foi muito crítica em relação à gestão do combate dos incêndios do ano passado e fez uma participação à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).
Vasco Estrela adianta que a IGAI está a fazer diligências e a câmara arrolou testemunhas.
“A nossa queixa diz respeito a um desvio objetivo de meios que estavam no incêndio de Mação e, por indicação do então comandante operacional nacional, foram desviados para outra frente de fogo, que não no concelho de Mação, que na nossa opinião pode ter tido um efeito direto no resultado final”, sublinha.
O processo ainda decorre e há lições que, segundo Vasco Estrela, precisam de ser retirados da tragedia dos incêndios da época passada.
“O Governo e o país aprenderam muito com o que aconteceu no último verão. Nada disto que eu estou a dizer e está naquela queixa pode ser surpresa para o Governo, foi dito por mim várias vezes aos membros do Governo, principalmente ao então secretário de Estado Jorge Gomes. Acho que o Governo está precavido para aquilo que aqui aconteceu e, espero bem para que não volte a acontecer”.
O prazo dado pelo Parlamento aos proprietários para limpar os terrenos termina já esta quinta-feira.