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Falhou a limpeza, a prevenção e capacidade de resposta. Relatório resumido em seis pontos

20 mar, 2018 - 20:10 • Celso Paiva Sol

Documento tem mais de 200 páginas que expõem e avaliam os factos registados nos dias 14, 15 e 16 de Outubro.

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As condições atmosféricas

O relatório dos incêndios de 15 de outubro afirma que Portugal foi nesses dias, tal como aliás já tinha acontecido em junho, assolado por condições atmosféricas extremas.

O sistema de Proteção Civil já tinha entrado em descontinuidade porque já tinha entrado na fase Delta – com meios bastante mais limitados do que aqueles que existem na fase Charlie (1 de Julho a 30 de Setembro).

Diz o relatório que tendo em conta a capacidade de previsão meteorológica que existia, deveriam ter sido planeadas medidas mais robustas para atacar imediatamente as ignições que pudessem ocorrer.

Os incêndios de 15 de outubro produziram sete manchas ardidas no centro do país excedendo 10 mil hectares, incluindo o maior incêndio de que há memória, com mais de 45 mil hectares.

Os incêndios ultrapassaram por vezes velocidades de propagação de 6 km/h e intensidades de libertação de energia três a nove vezes mais do que a capacidade de extinção.

O ataque foi mal dimensionado

O ataque ampliado, implicando o recurso a forças exteriores, terrestres e aéreas, registou também enormes dificuldades, uma vez que os meios aéreos, por exemplo, já não eram tantos como no Verão.

O documento deixa muito claro que, face à impossibilidade da primeira intervenção ter sucesso, o comando operacional deveria ter privilegiado a proteção de pessoas e bens, e não investido no ataque ampliado.

As causas

Em relação às causas que estiveram na origem das muitas ocorrências, constatou-se que as principais continuaram a ser as queimadas (31-33%), o incendiarismo (33-36%) e os reacendimentos (18-24%).

Admite-se que a proximidade anunciada de precipitação possa ter conduzido a um aumento de ocorrências ocasionadas pela limpeza do solo agrícola.

A propósito dos alertas, a comissão critica uma certa banalização dos avisos que foram feitos às populações depois de Pedrógão Grande, que em outubro acabaram por não ser eficazes.

As vulnerabilidades

A comissão diz ter identificado vulnerabilidades, que se não forem corrigidas podem agravar-se, prejudicando não só o combate aos incêndios, como todas as outras missões de proteção e socorro prestadas pelos bombeiros.

Em causa está a atual disponibilidade do voluntariado, o recrutamento e os incentivos, a profissionalização da primeira intervenção, o recrutamento dos elementos de comando e todo o financiamento e funcionamento.

As recomendações

Tal como já tinha feito no relatório sobre os incêndios de junho, a comissão volta a deixar recomendações. Algumas repetem-se.

Sugere-se um novo método meteorológico de avaliação do risco de incêndio e a criação de uma nova classe de perigo meteorológico – que vá para além do atual máximo, que é o extremo.

Os peritos querem que se passe a chamar, por exemplo, “catastrófico” ou “desastroso”, porque era isso que se justificava, tanto nos incêndios de junho como nos de outubro, e uma nova capacidade de monitorizar fenómenos como os do ano passado – em especial duas características: a rapidez e a intensidade.

Neste capítulo em particular, a comissão recomenda a inclusão das previsões da velocidade de propagação, mudanças súbitas de direção e ainda a ponderação baseada no mosaico da paisagem e no tipo de construções.

Uma das recomendações mais significativas passa pela reforma do setor dos bombeiros, que deve começar por um levantamento rigoroso da atual situação seguido de uma estratégia que o torne mais robusto.

Nesse sentido, é proposta a criação de uma Unidade de Missão que prepare a Reorganização Estrutural do setor Operacional dos Bombeiros.

O que tem de mudar

  • As competências e modelo para o exercício da tutela do Estado;
  • A redefinição da missão e da distribuição no território do Continente;
  • Os perfis de qualificação e recrutamento dos cargos de comando;
  • O estabelecimento de carreiras profissionais;
  • A identificação do modelo de financiamento da estrutura de socorro confiada aos bombeiros.
Comentários
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  • Americo
    21 mar, 2018 Leiria 11:26
    Bom dia. Vivemos numa "república das bananas". Ninguém é responsabilizado. Não temos que culpar ninguém a não ser a nós próprios. Somos uma sociedade civil sem força, sem níveis de exigência, sem escrutínio. Convencem-nos com "meia dúzia de lerias" e "um prato de lentilhas ". É uma tristeza. Resultado disto ?Elegemos para nos representar a nível de AR uma série de "nabos" que dá origem a esta mediocridade que está instalada a nível dos serviços públicos. A continuar assim não vejo grande futuro para Portugal.
  • Fogos por encomenda
    21 mar, 2018 Lisboa 10:12
    O diabo não veio de uma maneira tinha que vir de outra. O MP já tem resultados para apresentar das investigações feitas aos multiplos incêndios em zonas distintas deflagrados à noite? Com isto já ninguém se preocupa? Porquê? E os tecnicos têm uma resposta para isso?
  • Carlos Ferreira
    21 mar, 2018 Loulé 10:03
    Ou seja ninguém é culpado. O governo limita-se a dizer aos outros para limpar os terrenos e matas e ainda espera arrecadar dinheiro com as multas. O Senhor Presidente da República tirando umas fotos e abraçinhos para as Tv's é um "saco cheio de nada". O negócio dos aviões mantém-se. O conhecimento do terreno pelos Bombeiros (a título preventivo) é pura sorte individual. Lá estarão as pessoas entregues a si mesmas e à sorte (ou falta dela)!
  • 21 mar, 2018 01:06
    mesmo que ardesse nao tinha que arder tudo o que ardeu! nao tinha que voltar a morrer tanta gente!
  • 20 mar, 2018 23:17
    nao pode ser apenas os bombeiros a salvar a patria!
  • 20 mar, 2018 23:13
    Depois da primeira catastrofe ! senti que o pais estava seguro e isso nao aconteceu!
  • 20 mar, 2018 23:10
    os incendios de 15 outubro nao tem desculpa!
  • 20 mar, 2018 palmela 22:18
    No dia 15 de outubro de 2017 antonio costa devia ter sido constituido arguido!

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