22 mar, 2018 - 07:06 • Liliana Carona
Provedores-adjuntos e juristas da Provedoria de Justiça estiveram quarta-feira na Casa da Cultura, de Oliveira do Hospital, para esclarecer a população sobre o processo de indemnização dos feridos graves dos incêndios de 2017. Na plateia estavam as vítimas do fogo que têm marcas para vida.
Entre perguntas e respostas, a sessão de esclarecimento, revelou que o processo dos feridos graves vai ser mais demorado que o das vítimas mortais. Joaquim Cardoso da Costa, provedor adjunto da provedoria da justiça, apela a que todos apresentem o requerimento até dia 30 de maio, “mesmo que não tenham toda a informação agora, não deixem de apresentar o requerimento dentro do prazo definido”, alertou o responsável, revelando ainda que para o processo do pagamento das indemnizações aos feridos graves “haverá um tempo, mas será mais lento que o das vítimas mortais, poderá demorar alguns meses”.
As feridas teimam em cicatrizar na pele fina de Elisabete Abrantes, 59 anos. Caminha com muita dificuldade. Antes dos incêndios, já usava uma prótese numa das pernas, consequência de uma amputação. Este aspeto contribuiu para que no dia do incêndio não conseguisse fugir das chamas. Foi salva pelo marido. “Dificulta-me a mobilidade, não consigo andar, íamos para a Catraia, abandonámos, o carro, e eu não conseguia andar, e ele arrastou-me”, recorda emocionada, temendo que lhe venha a ser amputado o pé, porque “não cicatriza e ganha bactérias, estou sujeita a ficar sem o meu pé”. “Ela queria morrer, mas eu arrastei-a, não é fácil”, diz comovido, Manuel Abrantes, 60 anos, o marido de Elisabete.
Em Oliveira do Hospital há perto de 30 feridos graves registados. José Carlos Alexandrino, o autarca local pediu celeridade no processo. “É preciso pagar o mais depressa possível, porque há pessoas muito incapacitadas e com família para governar”; denunciou.
Manuel Abrantes e a esposa, perderam o trabalho. Fecharam o café que tinham em Santa Ovaia há 25 anos. “Ouvi dizer que davam apoio, tivemos que fechar o café, viemos aqui para ver se temos direito a alguma coisa”, justifica.
As marcas dos danos que o fogo causou estão visíveis no corpo e na alma das vítimas, que agradecem ter sobrevivido. Manuel que salvou a esposa das chamas, defende que o que “interessa é estarmos cá. Viver é bom”.
O requerimento para atribuição de indemnizações aos feridos graves pode ser entregue até ao dia 30 de maio.
Os serviços da Provedoria da Justiça também estão disponíveis para qualquer apoio ou esclarecimento através da linha azul 808 200 084 e através de email (incendios2017@provedor-jus.pt).
Cinco feridos graves dos incêndios florestais do ano passado já entregaram à Provedora de Justiça os requerimentos para poderem ser indemnizados pelos danos sofridos.
Os critérios do Conselho para a Indemnização das Vítimas de Incêndios de Incêndios, foram publicados há cerca de duas semanas no "Diário da República". No âmbito dos critérios fixados, é preciso que o requerente se submeta a exame pericial, o qual será realizado, pelo Instituto Nacional de Medicina Legal.