30 mar, 2018 - 20:05 • Susana Madureira Martins
Ou oito ou oitenta. O clima em Pedrógão Grande teima em ser de extremos. No Verão foi o calor intenso que se sentiu, agora, em finais de Março, assiste-se a uma Primavera invernosa de seis graus centígrados de temperatura e uma chuva intensa, que nem por isso fez cancelar a tradicional procissão do Enterro do Senhor, nesta Sexta-Feira Santa.
Às15h00 no meio da ventania, mas ainda sem chuva, saíram as imagens da igreja Matriz acompanhadas por uma pequena multidão, muitas das pessoas com velas na mão e uma banda filarmónica que nunca desarmou durante o percurso.
Sensivelmente à chegada ao Calvário, no centro da vila, o céu desabou numa chuva intensa obrigando muitos a procurar abrigo onde podiam e sempre com o fiel guarda-chuva aberto. Ao mesmo tempo a ventania que se fez sentir a dada altura provocou mesmo a queda do microfone de pé alto instalado na escadaria do Calvário e que estava a ser usado pelo padre que presidiu à procissão. Ninguém arredou pé, o padre também não, e um dos populares levantou o microfone do chão e a solenidade continuou por mais uns poucos de minutos.
Isaura Mendes foi uma das pedroguenses que acompanhou toda a procissão e que no final desabafou à Renascença que “apesar da chuva, lá se fez”, se bem que o habitual percurso só foi cumprido “pela metade”, mas “Deus não quis”, lamentou. Ainda assim bem disposta, Isaura lembrou que “costuma ser bem maior” e que a imagem da Verónica “canta sete vezes em todos os nichos”, mas este ano “olha, cantou só no Calvário e aqui”, ou seja, na igreja Matriz de Pedrógão Grande.
E, para além disso, a procissão também teve “muito menos gente, mas muito menos gente, sem comparação” relativamente a outros anos, sublinha Isaura Mendes, que recorda que o espaço em torno do Calvário “costuma ficar lotado, mas este ano o tempo não ajudou”, mas a rir-se lá vai dizendo a rir um muito português “fica para o ano”.
O Enterro do Senhor na Sexta-Feira Santa é uma procissão secular em Pedrógão Grande em que é reconstituida a morte de Cristo, com imagens vivas que vão percorrendo as ruas e que são representadas na sua maioria pelos jovens pedroguenses.
A imagem de Verónica tem especial destaque durante a Semana Santa na vila, já que a identidade de quem a representa é mantida em segredo até à também tradicional Procissão do Senhor dos Passos, que se realiza no Domingo de Passos, onde Verónica canta, voltando a surgir semanas mais tarde para cantar na procissão do Enterro do Senhor.
Nesta Sexta-Feira Santa Pedrógão Grande ainda irá assistir à Procissão do Silêncio, também com percurso pela vila e em que os participantes se mantêm completamente em reserva e sem falar.