10 abr, 2018 - 17:00 • Olímpia Mairos
Chama-se “ColUTAD”. É um porta-enxerto, um clone de castanheiro imune à doença da tinta e foi desenvolvido por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Segundo os especialistas, o clone já foi testado com a colaboração de dezenas de agricultores e é imune à doença que destruiu em 20 anos cerca de um milhão destas árvores em Portugal.
“A UTAD encontrou, assim, o antídoto contra a doença para ser usado nas novas plantações de castanheiros e, tal como uma pessoa vacinada contra uma doença lhe fica imune, assim acontece com os soutos que recebem estes porta-enxertos”, revela, em comunicado, José Gomes Laranjo, investigador e docente do departamento de Biologia e Ambiente.
O clone é um castanheiro híbrido, resultante do cruzamento entre o castanheiro europeu “Castanea sativa” e o japonês “Castanea crenata”. O investigador José Laranjo explica que os clones, depois de plantados, “funcionam como barreira à progressão da doença” e mesmo que a plantação “seja feita em terrenos já invadidos por ela, está provado que o novo castanheiro não morre”.
O clone vai ser colocado nos circuitos comerciais através da Serviruri - Prestação de Serviços Técnicos agrícolas, com quem a UTAD vai assinar um protocolo de transferência da gestão dos direitos comerciais. Por cada planta vendida, a UTAD irá receber uma percentagem financeira, que irá reverter para o aprofundamento do estudo do “ColUTAD” e obtenção de mais porta-enxertos resistentes.
A doença da tinta foi responsável pela destruição, nos últimos vinte anos, de “perto de um milhão de castanheiros” em Portugal. Esta doença é causada por um fungo que ataca as raízes e acaba por levar à morte da árvore.
As alterações climáticas, que têm provocado cada vez mais no período de verão um excesso de calor e secura das terras, foram determinantes para o agravamento dos efeitos da doença, afetando cerca de oito mil hectares de soutos.
O clone, que vai ser comercializado, é o resultado de investigações desenvolvidas ao longo de várias décadas e que, segundo a UTAD, contou com o contributo do investigador Columbano Taveira Fernandes, nos anos 50 do século passado, e, nos anos 80, de investigadores da UTAD, como o antigo vice-reitor António Lopes Gomes, Carlos Abreu, Luís Torres de Castro e Alberto Santos.