02 mai, 2018 - 23:50
Os peritos da Comissão Técnica Independente creem que este ano o país está mais preparado para atacar os fogos florestais, mas apontam criticas muito fortes à forma como a limpeza das matas está a ser feita. Falam de crimes ambientas.
A pergunta foi feita pelo PCP: “Estamos ou não mais bem preparados este ano para o combate aos incêndios?”
“Em consciência só podemos estar melhor preparados. Depois de tantas comissões e de tantos inquéritos, mal era se não estivéssemos. Só temos de acreditar que sim para que todo o nosso trabalho não tenha sido em vão” , respondeu José Manuel Moura, antigo Comandante Nacional da Proteção Civil.
Mas entre os peritos que estiveram nesta comissão independente, há certezas de alguns erros estão a ser cometidos. A campanha nacional de limpeza de terrenos que o governo lançou - e que vem de uma lei mais antiga - merece duras críticas de Joaquim Sande Silva, professor da Escola Superior Agraria do Politécnico de Coimbra.
“Uma coisa é termos um matagal em que temos carvalhos misturados. Aquilo funciona como um todo. Outra, é vermos carvalhos e oliveiras deitados abaixo. São verdadeiros crimes ambientais que estão a ser feitos”, explica.
A ciência, acrescenta, mostra que mesmo para a prevenção, é um erro o que está a ser feito. “São crimes porque tudo aponta para que se tivermos um fecho de copas a uma determinada altura, as espécies que não queremos para prevenir os incêndios não vegetem”, explicou o professor.
Este especialista fala ainda dos proprietários que - por excesso de zelo - cortam tudo - e deixa uma desconfiança. “A ideia que tenho é que as pessoas cortam porque o madeireiro que vai lá fazer o trabalho fá-lo de borla se levar os carvalhos”, defende. Uma campanha que não tem efeitos no curto prazo, segundo Joaquim Sande Silva, e que a longo prazo é desastrosa.