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Médico deteta “leviandade legislativa” no processo da eutanásia

10 mai, 2018 - 23:07 • Sérgio Costa

António Maia Gonçalves aponta o reforço dos cuidados paliativos como prioridade, sublinhando que "requerer ser morto é um ato de desespero" e "seguramente, um sintoma de grande desacompanhamento".

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O médico António Maia Gonçalves, especialista em Medicina Interna e Cuidados Intensivos, considera que o processo legislativo em curso sobre a eutanásia é "apressado" e revela “leviandade legislativa”.

"Não faz sentido esta pressa legislativa de querer legislar uma eutanásia", diz, em entrevista à Renascença, o clínico, que é o responsável pelos Cuidados Intensivos da Casa de Saúde da Boavista, no Porto, e trabalha também no Hospital de Braga, onde é responsável pela formação.

Para António Maia Gonçalves, “falta debate” e não houve, sequer, uma discussão sobre ”a possibilidade de suicídio assistido, que é diferente da eutanásia” e poderia “ter sido debatido como eventual direito de cidadania”.

"Nem sequer nenhum dos partidos põe a possibilidade de suicídio assistido. Porquê a eutanásia e não suicídio assistido? Eu não sei se é uma maldade o que vou dizer, mas nem sei se os deputados têm ideia da diferença entre eutanásia e suicídio assistido. É um assunto muito sério. A vida das pessoas é uma coisa muito importante. Temos de ter muito respeito por isso e estamos a falar de tratar dos nossos pais e de como nos vão tratar a nós. Não se pode ter quase uma leviandade legislativa", considera.

"Eu tenho alguma frustração, porque eu gosto de uma sociedade solidária, não gosto de sociedades solitárias. Nesse contexto, nós temos que perceber que uma pessoa requerer ser morta é um ato de desespero inacreditável. E é seguramente um sintoma de grande desacompanhamento", diz o especialista, que defende, assim, que seja dada prioridade aos cuidados paliativos. “O SNS não pode funcionar como há 30 anos. A realidade demográfica mudou e implica soluções diferentes”, argumenta.

"Eu sinto uma frustração muito grande como médico que dedica a sua vida a fazer exatamente o contrário" do que propõe a eutanásia. "Para mim, a eutanásia não é uma atitude de solidariedade."

O médico lançou, recentemente, "Reanimar?", um livro em que fala sobre "quais os critérios de decisão de um médico no contexto de uma paragem cardio-respiratória: se devemos reanimar os doentes todos, se não devemos reanimar e, quando não reanimamos, quais os critérios que presidem esse tipo de decisões, que são decisões de enorme gravidade".

"O livro fala um bocadinho de algumas histórias clínicas que foram acontecendo ao longo da minha vida clínica, daquelas que me foram marcando mais e que, em contexto de livro, seria fácil descodificar para serem acessíveis a qualquer pessoa", conta.

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  • P/RR
    11 mai, 2018 dequalquerlado 17:23
    Oh sra ana galvão então onde está o comentário que fiz à bocado? Ou será que não temos direito à nossa opinião?
  • fanã
    11 mai, 2018 aveiro 17:16
    Não é um "sintoma de grande desacompanhamento"...........é , isso sim um desacompanhamento , real , inexistente , economicamente inatingível em grande maioria dos casos , em que se morre e agoniza de dores por simples ausência de medicação analgésica apropriada em casa e nos mais remotos lugares deste País . Onde estão os centros de cuidados paliativos para todos ??????
  • observando idiotas
    11 mai, 2018 do cemitério 16:40
    A eutanásia é um direito? Tu nem sabes o que é que dizes!
  • Humanista
    11 mai, 2018 Lisboa 12:39
    A eutanásia um direito que se consagra e não uma obrigação que se impõe
  • João Lopes
    11 mai, 2018 Viseu 09:45
    A eutanásia e o suicídio assistido continua a ser homicídio mesmo que a vítima o peça, tal como a escravatura é sempre um crime, mesmo que uma pessoa quisesse ser escrava! Com a legalização da eutanásia e do suicídio assistido, o Estado declararia que a vida de pessoas doentes e em sofrimento não lhe interessa, e não as protege. A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. O parlamento, os tribunais, os hospitais, os médicos e enfermeiros, existem para defender a vida humana e não para matar nem serem cúmplices do crime de outros.

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