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Parque Natural do Douro Internacional. “Nada mudou com a criação da área protegida”

11 mai, 2018 - 12:14 • Olímpia Mairos

No 20.º aniversário do Parque, autarcas e população dizem que a criação da área protegida não trouxe benefícios à região e atribuem culpas aos responsáveis pela sua gestão.

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O Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) faz esta sexta-feira 20 anos. A área protegida criada através de decreto regulamentar em 11 de maio de 1998, promulgado pelo então primeiro-ministro António Guterres, é alvo de muitas críticas, quer de populares quer de autarcas.

As populações estão descontentes face às restrições impostas pelos regulamentos e à inércia do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Os autarcas, por sua vez, consideram que nada mudou com a criação da área protegida.

À Renascença, João Luís, agricultor de Aldeia Nova, no concelho de Miranda do Douro, afirma que “a criação do Parque não veio trazer benefícios nenhuns, apenas colocaram algumas placas informativas para turismo, o que é bom, mas qualquer pessoa o consegue fazer”.

“Puseram uns espantalhozinhos por essa estradas e caminhos fora, que não vieram beneficiar em absolutamente nada a natureza”, refere o agricultor. “Está a desaparecer tudo: a águia real, a cegonha preta, a águia de Bonelli. Já nem os abutres vêm aqui nidificar e raramente vêm a esta zona.” No fundo, lamenta João Luís, “o Parque é zero. É só restrições”.

Também António Inácio, de Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta, se queixa que o “Parque não deixa fazer nada”. “Por vezes queremos fazer intervenções nas propriedades e não nos deixam, queremos cortar uma lenha e temos medo”, exemplifica.

Os autarcas colocam-se ao lado das populações nas críticas e queixas, considerando que a região pouco ou nada beneficiou com a criação da área protegida do PNDI, há 20 anos. O presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, considera mesmo que a região está mais pobre.

“Estamos mais pobres, há cada vez menos gente e não há investimentos na área protegida. É um Parque que pouco evoluiu na sua essência e na sua ligação com as pessoas que aqui residem. Em relação à proteção dos espaços e das espécies que aqui nidificam, nada é feito”, refere.

Também o presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, entende que “é preciso estar ao lado das populações” e reivindica a “alteração aos regulamentos em vigor no Parque”.

“Após estes 20 anos temos a necessidade de fazer sentir a quem nos governa que há necessidade urgente de alterarmos os regulamentos, no sentido, também, de protegermos as populações, e não só os habitats naturais, mas também os habitantes que ainda fazem parte deste reino maravilhoso que é o Parque”, defende o autarca.

O PNDI engloba 44 localidades dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, e de Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda.

Tem 122 quilómetros de extensão e uma área de cerca de 860 quilómetros quadrados. Os especialistas consideram-no um mosaico de biodiversidade, onde nidificam espécies protegidas, algumas delas à beira da extinção, como é o caso da Cegonha Negra, do Abutre do Egito e do Grifo.

A área do Parque é uma Zona de Proteção Especial e está incluída na Rede Natura 2000.

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