29 mai, 2018 - 08:29
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A operadora Altice (dona da Meo) ainda não tinha, em meados de maio, restabelecido todas as ligações nas zonas atingidas pelos incêndios – seja em Pedrógão Grande seja na região afetada em outubro.
De acordo com um relatório da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) “apenas um operador mantinha ligações por restabelecer” a 11 de maio deste ano: a Altice, com “cerca de 1.300 clientes” ainda sem ligação.
Segundo a Altice, em resposta ao regulador, tal justifica-se pelo facto de cerca de 500 clientes terem recusado "a solução de reposição da ligação que lhes tinha sido proposta".
Nos restantes casos, "a Meo informou que não tinha conseguido contactar os clientes" ou que tinha esta ligação agendada para data posterior "por conveniência dos próprios clientes", alguns dos quais não vivem permanentemente naquela zona, indica o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, à agência Lusa.
Do total de pessoas sem ligação naquelas zonas, 97% eram diretamente clientes da Altice, sendo que os 3% restantes, apesar de serem clientes de outras operadoras, "tinham ligações por repor porque o respetivo serviço estava suportado na rede do operador grossista, a Meo".
João Cadete de Matos lembra que a Altice tinha apontado o dia 15 de abril como a data limite para restabelecer todas as ligações.
O responsável garante que "a Anacom vai continuar a fiscalizar e a acompanhar estas situações para garantir que não há nenhum cliente que, sem motivo, fique com as ligações por restabelecer".
Questionado sobre reclamações apresentadas pelos consumidores, João Cadete de Matos diz que há "várias queixas", mas em número pouco "significativo".
Ainda assim, a Anacom teve de intervir nalgumas situações, nomeadamente pedindo aos operadores que não fizessem a cobrança do serviço no período em que os clientes estavam sem comunicações, falando com as companhias para evitar imposição de serviços na renovação dos contratos e ainda exigindo "máxima prioridade" na reposição das ligações.
"Se concluirmos que há motivo para abertura de processos de contraordenação, isso será feito", acrescenta o responsável, lembrando que "há todo um investimento a ser feito" pelos operadores para evitar falhas de comunicações neste tipo de casos, desde logo apostando na "utilização de traçados subterrâneos ou de feixes rádio para estabelecer contactos, na limpeza das centrais e na proteção das infraestruturas".
Estas são algumas das 27 medidas que constam do relatório do grupo de trabalho sobre os incêndios florestais, do qual a Anacom faz parte, e que irão ser apresentadas esta terça-feira à imprensa, em Lisboa.
O incêndio de junho de 2017 na zona de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, causou 66 mortos e mais de 250 feridos, enquanto os grandes fogos de outubro fizeram 49 vítimas mortais, em vários concelhos da região Centro.