04 jun, 2018 - 09:00
A greve dos trabalhadores ferroviários parou quase 100% dos comboios urbanos de Lisboa, 72% dos do Porto e regionais e 66% das ligações internacionais, disse à agência Lusa fonte da CP. Não foram definidos serviços mínimos e não há transportes alternativos.
Os dados recolhidos pela CP entre as 00h00 e as 8h00 indicam que a greve suprimiu 10 ligações internacionais (66%), 60 comboios regionais (72%), 114 comboios urbanos de Lisboa (98%) e 36 urbanos do Porto (72%).
Já pelas 14h, numa revisão desse balanço, o Sindicato Ferroviário garantiu que a greve envolveu uma adesão de 100%, com 85% das composições paradas a essa hora.
À Renascença, o sindicalista Luís Bravo denunciou alegados atropelos à lei, nomeadamente o facto de haver revisores em greve que estão a ser substituídos por maquinistas.
"A adesão dos ferroviários é de 100% e a taxa de paralisação anda na ordem dos 85%", apontou o presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial.
Sobre os "poucos" comboios que andam a circular, Luís Bravo denuncia violações da lei. "Andam a circular com agentes que estão a violar a greve e que andam a substituir - andam a fazer dois maquinistas na cabine em vez de um maquinista na cabine e de um revisor junto aos clientes. Não é legal, é uma violação do n.º 1 do artigo 535 do Código do Trabalho, [que diz que] os trabalhadores não podem ser substituídos por outros de outras categorias e de outros locais de trabalho."
Reivindicações
Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo estão em greve contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente.
Na informação divulgada ao início da manhã, com o primeiro balanço do dia até às 6h30, o Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial itinerante (SFRCI) tinha indicado que a adesão à greve obrigou a uma paralisação de 90% dos comboios de mercadorias e de passageiros em todo o país.
Segundo Luis Bravo, presidente do sindicato, a taxa de paralisação dos comboios entre as 22h00 e as 6h30 esteve “na ordem dos 90% em todo o país”, sendo que nas zonas urbanas chegou a atingir os 100%.
“Nas zonas urbanas de Lisboa é de 100% e no Porto de 95%”, acrescentou.
Os sindicatos que convocaram a greve consideram que "a circulação de comboios só com um agente põe em causa a segurança ferroviária – trabalhadores, utentes e mercadorias", e defendem, por isso, que "é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança (RGS)".
Os ferroviários rejeitam alterações ao RGS com o objetivo de reduzir custos operacionais e consideram que a redação do Regulamento Geral de Segurança, em discussão nos últimos meses, deixa em aberto a possibilidade de os operadores decidirem se colocam um ou dois agentes nos comboios.
O secretário de Estado das Infraestruturas, em declarações aos jornalistas no domingo, considerou que não existe "justificação material"para a paralisação, uma vez que a norma dos dois agentes existe desde 1999 e não foi alterada pelo Governo, sendo apenas permitido circular com um agente em casos excecionais e se a empresa operadora o consentir.
O secretário-geral da CGTP está solidário com a greve dos ferroviários, que estão "a defender os seus postos de trabalho", e alertou que 600 empregos diretos podem desaparecer, além de 400 indiretos. Em declarações à Lusa, Arménio Carlos disse ainda que também está em causa a segurança dos utentes.
[Notícia atualizada às 14h20]