04 jun, 2018 - 10:11
Cascais recebe esta segunda-feira uma cimeira de gestão de pragas, na qual participam mais de 200 especialistas de todo o mundo. As pragas estão a aumentar e representam uma ameaça à saúde pública e à segurança alimentar.
As alterações climáticas são um dos motivos para esta tendência, mas o presidente da Associação Nacional e Controlo de Pragas Urbanas aponta mais um motivo: há autarquias que cortaram nos gastos.
“Trabalhava com algumas Câmaras em que tinha tratamentos mensais e a determinada altura, por causa dos cortes orçamentais, passei a fazer só quatro tratamentos por ano”, conta João Leitão à Renascença.
A diminuição dá origem a “um menor acompanhamento” e a “um maior risco e permite o desenvolvimento das pragas. Isso notou-se”, indica, salientando que os cortes começaram “mesmo antes da troika” e da crise.
Percevejos. “Talvez das pragas mais difíceis de controlar”
Uma das pragas que regressaram nos últimos anos é a dos percevejos que muitos relacionam com o aumento do turismo, dado serem das pragas que mais facilmente viajam nas mochilas. Mas é também das mais difíceis de controlar.
“Existem mesmo empresas que não fazem este tipo de tratamento, porque requer alguma resistência, conhecimento e alguma experiência também. E requer a aplicação de métodos inovadores de que nem todas as empresas têm conhecimento”, explica João Leitão.
“Talvez seja das pragas mais difíceis de controlar”, conclui.
Depois, há as térmitas, um problema para o qual as empresas de construção não estarão devidamente alertadas. “Mesmo as empresas de construção fazem as construções sem ponderar esse problema”, refere o presidente da Associação Nacional e Controlo de Pragas Urbanas.
“Em reconstruções em Lisboa e no Porto, este problema muitas vezes é ignorado Existe um problema com térmitas na estrutura – a grande maioria dos problemas são térmitas subterrâneas que estão alojadas na estrutura dos edifícios ou por baixo mesmo dos edifícios. São feitas reconstruções, colocadas madeiras novas sem serem tratadas e as térmitas estão lá. Ou seja, estamos a dar-lhes comida de novo”, explica à Renascença.
É por isso que “alguns prédios são restaurados e passados três meses estamos a receber solicitações para lá irmos. Não há muito sensibilidade e há muito desconhecimento nesta matéria”, lamenta João Leitão.
Esta e outras infestações vão estar debate na cimeira mundial de gestão de pragas, entre hoje e quarta-feira.