10 jul, 2018 - 16:22
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, exigiu esta terça-feira do ministro da Saúde um pedido de desculpa aos profissionais da urgência do Hospital São José que pediram a demissão, garantindo que a carta foi assinada por 16 chefes de serviço.
Em declarações aos jornalistas após reuniões e uma visita ao Hospital São José, em Lisboa, Miguel Guimarães acusou o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, de não ter falado a verdade quando resumiu o caso a " dois ou três chefes de equipa que escreveram uma carta, que não se demitiram".
"O senhor ministro não disse a verdade aos portugueses e isso é grave", declarou o bastonário.
Miguel Guimarães garantiu aos jornalistas que a carta com os pedidos de demissão, por causa da falta de garantias de segurança na urgência do hospital, foi assinada por 16 chefes de serviço.
Apesar de os profissionais se queixarem de falta de condições, o bastonário disse que continua a ser seguro recorrer, quando necessário, à urgência do Hospital São José,
Os chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) apresentaram na sexta-feira a demissão por considerarem que as condições da urgência do hospital de São José não têm níveis de segurança aceitáveis.
A agência Lusa teve acesso à carta que contém o pedido de demissão destes chefes de equipa do Centro Hospitalar de Lisboa Central. No documento, os profissionais apontam para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do Hospital São José, considerando que se chegou a uma "situação de emergência" que impõe "um plano de catástrofe".
A administração do CHLC, que integra o São José, já veio reconhecer "o essencial das queixas" e dos problemas levantados pelos chefes de equipa que apresentaram a sua demissão, garantindo que está a tentar encontrar soluções.
Os profissionais indicam que a assistência médica prestada na urgência polivalente do Centro Hospitalar "tem vindo a sofrer, ao longo dos últimos anos, uma degradação progressiva constatada por todos os profissionais".
Confrontado na segunda-feira com a demissão de chefes de equipa do Hospital São José, o ministro da Saúde desvalorizou a situação, referindo que se trata "de dois ou três chefes de equipa que escreveram uma carta, que não se demitiram", estando confiante na resolução dos problemas apontados naquela unidade.
"O que é lamentável é que se faça um empolamento sistemático de situações pontuais, ocultando a realidade", frisou o ministro da Saúde, que falava aos jornalistas antes de participar num encontro com militantes e simpatizantes do PS em Coimbra, no âmbito da iniciativa "PS em Movimento".
Para Adalberto Campos Fernandes, há "uma tentativa permanente" que dura há três anos de criar "sistematicamente situações, focos de alarmismo".
"Se tivéssemos com três meses de Governo, até seria compreensível. Há três anos? Sempre os mesmos, com os mesmos argumentos, com o mesmo tipo de alarmismo, apenas com um único objetivo de desviar os resultados positivos do SNS [Serviço Nacional de Saúde], que hoje tem mais utentes, tem mais resultados, tem melhor desempenho económico, assistencial", vincou.