19 jul, 2018 - 09:50
A presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Pedrógão Grande, Nádia Piazza, diz não se mostra surpreendida com a notícia, avançada esta quinta-feira pela revista "Visão", de que donativos destinados à reconstrução de habitações consumidas pelo fogo de Pedrógão Grande terão sido desviados para obras que não eram urgentes
"Tivemos conhecimento em conversas informais de populares, que vieram ter connosco", conta Nádia Piazza, em entrevista à Renascença.
"As pessoas têm olhos na cara, sabem quem habitava, que casas estavam em ruínas e quais as casas que não eram primeira habitação", diz, notando que as casas urgentes deveriam ter sido sinalizadas logo de início, "até para quem faz a gestão dos fundos ficar salvaguardado".
Os regulamentos que determinavam quais as casas que seriam recuperadas com maior urgência terão sido contornados com a alteração das moradas fiscais, já depois das datas dos fogos, para que as habitações não permanentes fossem tratadas como primeiras casas.
Dada a natureza do ser humano, "o que aconteceu agora, a ser verdade, não surpreende" Nádia Piazza. Contudo, considera que estas situações "podiam ter sido acauteladas" com a imposição de regras.
"São casos pontuais, acredito que sim, mas são suficientes para criar revolta" e estão a pôr em causa "a paz social" em Pedrógão Grande, conta.
A presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Pedrógão Grande pede que o Ministério Público faça uma "investigação séria". "Carece de um investigação em pormenor, porque estamos a falar da solidariedade dos portugueses".
Nádia Piazza recorda que após os incêndios de outubro não se verificou a mesma onda de solidariedade que se verificou após o fogo de Pedrógão Grande. "Por algum motivo foi. Houve muita celeuma sobre o destino da solidariedade", sentencia.