19 jul, 2018 - 11:44
O Instituto de Segurança Social vai avaliar as suspeitas de irregularidades com os donativos para obras urgentes em Pedrógão Grande, na sequência dos incêndios do ano passado. Segundo a revista Visão, 500 mil euros foram desviados para a reconstrução de casas que não eram prioritárias. Em alguns casos, os donos terão alterado o domicílio fiscal para transformar casas abandonadas em primeira habitação.
Rui Fiolhais, presidente do Instituto de Segurança Social, uma das três entidades que gere o fundo Revita, garante que todos os casos serão investigados. “Será analisado caso a caso, se efetivamente as declarações prestadas correspondem à realidade", garante em entrevista à Renascença. "Quando há dúvidas têm de ser esclarecidas", acrescenta.
"Estamos a falar de uma dezena de casas relativamente às quais há dúvidas, essas casas representam cerca de 4%. Das 261 que estão a ser reconstruídas, cerca de 160 já estão efetivamente concluídas", constata Rui Fiolhais.
O presidente do Instituto de Segurança Social não adianta, porém, o que poderá acontecer às casas e às pessoas que receberam os apoios, caso se venha a provar algum erro ou irregularidade na fiscalização das obras. "Foi solicitada à comunicação técnica que a avaliação fosse feita. Em função dessa avaliação e dos resultados que forem indicados, haverá seguramente propostas de atuação", afirma.
Também a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) informou esta manhã que vai pedir ao Ministério Público que investigue as obras de duvidosa legalidade em habitações na zona.
"Vamos encaminhar esses casos o mais rapidamente possível para o Ministério Público", garantiu Ana Abrunhosa à agência Lusa. "Temos todo o interesse que o Ministério Público investigue estas situações."
Pelas 16h, a Procuradoria-Geral da República confirmou à Renascença a "existência de um inquérito dirigido pelo Ministério Público", a decorrer no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Leiria, ao caso denunciado pela "Visão".
Cáritas teme efeitos negativos
O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, explica à Renascença que qualquer irregularidade na identificação das casas reabilitadas é da responsabilidade do Fundo Revita: “As casas foram todas indicadas pelo Fundo Revita. Aquilo que sei, por parte da Cáritas de Coimbra, é que cada caso foi acompanhado depois da indicação dos nomes das pessoas a quem se destinavam essas casas, num diálogo permanente com as famílias que as iam habitar. Se houve alguma anomalia processual, ela decorre daí."
Houve, no entanto, por parte da Cáritas, a preocupação de acompanhar, de forma próxima, todos as situações, diz Eugénio da Fonseca, que pede uma investigação rápida ao caso, uma vez que ele pode por afectar a comprovada generosidade dos portugueses.
"Tudo tem de
ser investigado e tem que responsabilizar-se quem, por negligencia ou propositadamente, não agiu de forma correta. Tenho muito receio que todo
este barulho que se tem feito à volta dos incêndios de Pedrogão, sobretudo o
barulho que não é mais do que ruído, seja nocivo face à grande generosidade dos portugueses têm revelado sempre nestas situações."
[Notícia atualizada às 16h]