24 jul, 2018 - 23:36 • Hugo Monteiro
A tragédia dos fogos desta semana na Grécia, que provocou pelo menos 74 mortos, demonstra que é preciso garantir a segurança nas aldeias portuguesas, mas também noutras zonas de potencial perigo, afirma o especialista Domingos Xavier Viegas, em entrevista à Renascença.
Para o coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, da Universidade de Coimbra, não estamos completamente imunes a um incêndio devastador e é necessário divulgar as lições do que se passou em Portugal, no ano passado, a nível internacional.
Que lição pode Portugal tirar dos fogos na Grécia?
Situações destas podem ocorrer em qualquer momento e, quase, em qualquer lugar. Sem querer fazer qualquer paralelismo, chamar à atenção que localizações como as que foram atingidas pelos incêndios na Grécia, junto do mar, com muita população e com muita floresta, o nosso país também tem. Temos que verificar se nesses sítios existem condições de segurança. Eu adianto já a resposta: em muitos lugares, não temos condições de segurança. É essa a primeira lição que devíamos retirar.
A segunda, aquilo que aprendemos, em junho e outubro do ano passado, deveria ser mais difundido dentro do país. As pessoas deveriam conhecer quais as boas e más práticas para evitar que se repitam erros no futuro. Essa informação também devia ser transmitida a nível internacional, porque vemos as pessoas a cometer erros semelhantes: fugirem à última hora, meterem-se em carros…
Em suma, não estamos completamente imunes mesmo a coisas destas e devemos difundir mais as lições que vamos tirando dos nossos problemas.
Quando fala em problemas de segurança, refere-se a zonas semelhantes às atingidas pelos fogos da Grécia, no litoral?
Por exemplo, mas admito que haja outras zonas. Os incêndios de outubro do ano passado mostraram que há muitas zonas do nosso país que são vulneráveis. Basta andar pelo interior Centro de Portugal, vemos áreas extensíssimas completamente queimadas, o que mostra que podem ser atingidas e destruídas pelo fogo, basta que haja vegetação, condições meteorológicas favoráveis, vento forte e fogo para que isso possa acontecer.
E se pensarmos em algumas das zonas do nosso país, certamente encontraremos, infelizmente, coisas que possam não estar completamente seguras.
Ainda há muito a fazer, mas não quero ser pessimista. Aquilo que estamos a fazer a nível nacional, este programa Aldeia Segurança – Pessoas Seguras, é apenas o começo de uma longa estrada que tem que ser feita. Não se confina a este aspeto das aldeias seguras, como vemos há muitas outras coisas que têm de ser seguras: parques de campismo, zonas balneares, tanta coisa que tem de ser tornada segura.