05 ago, 2018 - 21:30
A frente de fogo do incêndio que deflagrou na sexta-feira no concelho de Monchique, distrito de Faro, e que está mais próxima desta vila, já é visível da localidade algarvia.
O fogo está a progredir na encosta sudeste da vila de Monchique, para onde várias colunas de meios terrestres de combate foram deslocalizadas, para tentar travar as chamas, que avançam potenciadas pelas repentinas mudanças de direção do vento, pelas temperaturas elevadas e pela baixa humidade.
Por volta das 21h00, a GNR começou a pedir aos habitantes de zonas limítrofes da vila para abandonarem as suas casas e dirigirem-se para a escola situada no centro da localidade, junto às piscinas municipais.
No entanto, de acordo com testemunhas no local, algumas pessoas começaram a fugir, mesmo antes das autoridades o pedirem, com medo das chamas.
De acordo com a Sic Notícias, as chamas estarão a cerca de 1 quilómetro da vila.
Na zona existem várias casas dispersas, e com o fim do dia, os meios aéreos deixaram de poder operar, complicando ainda mais o combate ao fogo.
"Eu nunca vos escondi que era um incêndio de elevada perigosidade"
Numa conferência de imprensa convocada para as 22h00 o porta-voz da Proteção Civil disse quase mil operacionais foram concentrados para proteger a vila de Monchique e Alferce, a cerca de 9 km.
"A maior parte de Monchique está salvaguardada do fogo", garantiu o responsável, acrescentando que foram mobilizados alguns autocarros para evacuar a vila em caso de necessidade, mas que tal não deverá ser necessário.
"As pessoas foram concentradas no centro da vila, numa zona segura", garantiu Duarte da Costa, comandante operacional nacional no balanço que contou com a presença do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que garantiu que a prioridade é a "salvaguarda das vidas humanas".
O incêndio que lavra há mais de dois dias no concelho de Monchique, era combatido, pelas 20h00 deste domingo, por 810 operacionais, apoiados por 226 veículos, oito máquinas de rasto e nove meios aéreos, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
No balanço feito pouco depois das 13h00 deste domingo, o comandante Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, Vaz Pinto, deu conta que, até àquele momento, tinham sido deslocadas mais de uma centena de pessoas, de forma preventiva.
"Eu nunca vos escondi que este incêndio é um incêndio de elevada perigosidade e que todas as acções têm de ser muito bem pensadas. Existe, de facto, esse risco que está a referir, como existem outros", sustentou o comandante operacional, ao ser questionado sobre o risco de o fogo se aproximar da vila.
Vaz Pinto explicou que a Proteção Civil retirou 110 pessoas (79 em dez sítios e lugares no concelho de Monchique (Taipa, Foz Carvalhoso, Ladeira de Cima, Pedra da Negra, Foz do Lavajo, Corjas, Foz do Farelo, Ribeira Grande e Portela da Viúva) e 31 em cinco sítios no concelho de Odemira (Varja do Carvalho, Moitinhas, Barreirinhas, Vale das Hastes e Craveiras).
O incêndio de Monchique também atinge o concelho de Odemira, onde foram consumidos pelo menos cerca de 30 hectares de mancha florestal, de acordo com o presidente da câmara, José Alberto Guerreiro.
Trinta bombeiros tiveram também de receber assistência, com sintomas relacionados com o calor e com o fumo, informou ainda o comandante operacional.