13 ago, 2018 - 10:34
A greve dos enfermeiros que começou esta segunda-feira serve para vincar o descontentamento dos enfermeiros face ao impasse nas negociações com o Governo.
Segundo José Correia Azevedo, da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros, que convocou a paralisação, são “cinco dias para dar a possibilidade de os enfermeiros vincarem a sua posição de descontentamento por um processo que se arrasta há um ano ou mais sem solução à vista”.
Na Manhã da Renascença, o sindicalista explica que “os enfermeiros estão muito descontentes” e que “a pressão” sobre a federação “para fazermos a greve era constante”.
“Não tivemos outra alternativa senão aderir à sua posição”, remata.
A greve começou à meia-noite desta segunda-feira e a adesão já ronda os 90% segundo o balanço das primeiras horas feito pela federação. "Está a ultrapassar as expectativas", afirma José Correia Azevedo à agência Lusa.
A reivindicação dos enfermeiros prende-se com a criação de uma carreira especial de enfermagem, que integre a categoria de enfermeiro especialista. Exigem ainda o descongelamento da carreira, lembrando que o Estado deve aos enfermeiros 13 anos, 7 meses e 25 dias nas progressões, e a revisão das tabelas remuneratórias.
"Mesmo que não tenham dinheiro para a pagar atualmente, os sindicatos já propuseram o pagamento em três prestações anuais", disse José Correia de Azevedo.
O acordo entre enfermeiros e Governo deveria estar terminado no fim de setembro de 2017, explica ainda o sindicalista, razão pela qual os profissionais minimizaram a luta.
Mas, um ano depois, "estamos 'na mesma como a lesma', não saímos ainda do sítio”, lamenta o dirigente da federação que representa cerca de 10 mil dos pouco mais de 40 mil enfermeiros.
Os sindicatos garantem que os serviços mínimos serão respeitados.
Adiadas 400 cirurgias no São João
A greve dos enfermeiros já obrigou ao adiamento de "400 cirurgias programadas" no Hospital de São João, no Porto, uma vez que "as 12 salas do bloco central estão encerradas", afirmou fonte sindical à agência Lusa.
José Correia Azevedo afirma que, nos hospitais do Grande Porto, a adesão é, em média, "superior a 90%" e que os serviços mais afetados por esta paralisação são "os que estão afetos às cirurgias programadas e às consultas".
"O resto do serviço interno está a funcionar a meio gás, porque está sujeito só aos serviços mínimos – ou seja, são prestados os cuidados necessários para garantir a segurança e a vida das pessoas", acrescenta.
A adesão pelos hospitais do país
Segundo a mesma fonte, a adesão no Hospital São João (Porto), foi de 96% e no Centro Hospitalar Lisboa Central, que integra os hospitais S. José. D. Estefânia e Santo António dos Capuchos, foi de 93%.
No Centro Hospitalar Lisboa Norte, que engloba os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, a adesão à paralisação foi de 95%; no Hospital de Guimarães de 91%, no Hospital de Setúbal de 88% e no Hospital Garcia de Orta (Almada) situou-se nos 93%.
Mais a sul, no Hospital Barreiro-Montijo, a adesão atingiu os 89%, no Hospital de Évora os 93%, na Unidade Local de Saúde do Algarve os 91%, no Hospital de Santarém 88% e no Hospital Leiria-Pombal nos 93%.
No Centro Hospitalar do Algarve a adesão foi de 87%, no Hospital de Lamego 88%, no Hospital Nélio Mendonça, na Madeira, 92% e no Hospital Divino Espírito Santos, nos Açores, de 83%.
[Notícia atualizada às 11h30, com dados sobre as cirurgias no São João]