03 set, 2018 - 15:18 • André Rodrigues
Os diretores das escolas públicas rejeitam a ideia de normalidade sinalizada pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a propósito do arranque do novo ano letivo.
Na última semana, Tiago Brandão Rodrigues deixou a garantia de que tudo está preparado para que as aulas arranquem num quadro de normalidade e de tranquilidade.
Na resposta, os dirigentes dos estabelecimentos de ensino coincidem com os sindicatos e lembram que há problemas que contrariam a ideia de normalidade no discurso do Governo.
Um dos problemas "é o défice de assistentes operacionais, contra o qual as escolas têm lutado sistematicamente nos últimos anos", diz à Renascença o presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP).
Filinto Lima diz que há "centenas de funcionários que estão de baixa por doença - em alguns casos, há dois e três anos -, não são substituídos e, para efeitos de rácio, contam como se estivessem a trabalhar nas escolas quando, na verdade não estão".
O problema, por agora, não deverá pôr em risco a abertura das escolas para o arranque das aulas que, tudo indica, deverão começar na segunda quinzena de setembro.
Ainda assim, Filinto Lima fala de "um investimento que o ministro das Finanças devia ter em consideração, porque estamos a falar de pessoas que ganham o salário mínimo nacional e fazem imensa falta às escolas".
Sem se comprometer com um número exato, o presidente da ANDAEP diz que "faltam algumas centenas de assistentes operacionais" nos estabelecimentos de ensino, embora admita que "este Governo deu o passo positivo de colocar mais de 2.000 funcionários não docentes. Mas falta dar o passo decisivo, que é contratar os que ainda faltam".
Colocação de professores gera sentimentos mistos
Noutro plano, Filinto Lima critica os atrasos na publicação das colocações de professores, embora reconheça que "os 20 mil professores estão a chegar a tempo e horas às escolas".
O problema está nos atrasos da publicação das listas de colocação. Para o presidente da ANDAEP, "não faz sentido que só na passada quinta-feira muitos professores tenham ficado a saber que ficaram colocados a muitos quilómetros de casa, tendo que se apresentar ao serviço nos dois ou três dias seguintes".
Filinto Lima pede que "no futuro, este ou o próximo governo dê a conhecer estas listas mais cedo". Por uma questão de "respeito para com os docentes".
O Ministério da Educação informa que o processo de contratação de assistentes operacionais segue com normalidade, para que estejam atempadamente nos estabelecimentos de ensino. É a resposta enviada à Renascença pelo gabinete de Tiago Brandão Rodrigues, que lembre que de acordo com a portaria dos rácios por sala, foram contratados 1.500 assistentes operacionais para o pré-escolar no ano passado e este ano, são contratados os restantes 500. Os assistentes são colocados através das autarquias.
[atualizado às 23h00 com a resposta do Ministério da Educação]