03 set, 2018 - 10:18
Um estudo publicado recentemente pelo "American Journal of Neuroradiology" revela que cerca de 50% das crianças sentiram dores nas costas antes dos 15 anos. Em época de preparação para o regresso às aulas, o médico ortopedista Luís Teixeira esteve na Manhã da Renascença, para deixar alguns conselhos nesta área, a pais e alunos.
Na opinião do médico, os pais não devem ficar alarmados "se for uma dor pontual". Mais preocupantes são as dores persistentes, "que duram durante três ou quatro dias seguidos", e as dores intermitentes, "que aparecem e desaparecem, mas têm um período superior a 30 dias".
Luís Teixeira aponta vários fatores para o surgimento das dores, a começar pelo sedentarismo, seja na escola, onde "as atividades desportivas são extremamente reduzidas", seja em casa, onde "fazem os deveres sentados e jantam sentados com os pais". Acresce ainda o facto de muitos "terem atividades extra-curriculares de línguas ou de música, também sentados".
Fazer exercício uma hora por dia
Esta rotina exige uma mudança urgente, alerta o médico, não só da parte das famílias, mas também do ministério da Educação. "Quer as atividades curriculares, quer as extra-curriculares devem privilegiar cada vez mais a prática do exercício físico", diz Luís Teixeira, lamentando que essa prática se confine a "atividades residuais de um hora por dia". "É manifestamente insuficiente para idades em que todo o esqueleto está em crescimento".
O médico recomenda que os músculos dos troncos sejam exercitados "pelo menos um hora ou mais por dia" e recomenda alguns exercícios: natação, hidroginástica, pólo, pilates e ioga.
Luís Teixeira lembra que as atividades sociais que "antigamente eram bastante físicas", com "as corridas uns atrás dos outros, o jogo da macaca", foram substituídas por "atividades eletrónicas" sentadas.
Qual é a mochila ideal?
Vários estudos científicos têm vindo a alertar para o peso excessivo nas mochilas escolares, relacionado-o com o aumento das queixas de dores na coluna. Os médicos recomendam que o peso de mochila não seja superior a 10% do peso corporal ou seja, uma criança de 40 quilos, deveria carregar uma mochila de 4 quilos. "Esses números normalmente não são cumpridos", adverte.
E quanto há mochila ideal, Luís Teixeira aponta que "o trólei aparentemente teria vantagens, dado que não condiciona peso sobre a criança", porém reconhece que é mais caro do que as mochilas de costas e que, no caso da escola ter barreiras físicas, como escadas, pode dificultar o transporte do trólei.
No caso da mochila de costas, "deve ter uma dupla alça larga, confortável, de maneira a fazer a menor pressão possível" sobre os ombros. O médico aconselha ainda a que a mochila fique acima da cintura e, embora admita que seja difícil, "a mochila devia ter alças de bloqueio à frente", à semelhança das mochilas de caminhada.
Ao arrumar a mochila as crianças devem colocar o peso na vertical, sendo que os objetos mais pesados devem ficar o mais próximo possível do tronco. Aos pais cabe a tarefa de garantir que os filhos levam apenas o essencial para a escola.
O médico deixa ainda algumas dicas relativamente aos locais de estudo: as cadeiras devem ser confortáveis, com costas flexíveis e que permitam às crianças estar com os pés bem assentes no chão.