05 set, 2018 - 10:06
Está já disponível no mercado português um novo medicamento para doentes com Parkinson, anuncia a farmacêutica portuguesa Bial esta quarta-feira. O novo fármaco atrasa os sintomas da progressão da doença.
Com opicapona como princípio ativo, o medicamento "reduz o estado off, que se caracteriza pela lentidão/limitação dos movimentos", explica o presidente da Bial, António Portela, à agência Lusa.
"Os chamados tempos off são períodos em que o corpo fica rígido e os doentes não se conseguem mexer. O medicamento tem um efeito importante porque reduz em duas horas o tempo off", acrescenta.
Uma das vantagens do Ongentys, o nome do novo medicamento, é “ser de toma única diária, o que aumenta a qualidade de vida dos doentes durante o dia, mas também durante o sono".
Este fármaco, aprovado pela Comissão Europeia em junho de 2016, está disponível desde esse ano na Alemanha, Inglaterra e Espanha e ainda este mês será comercializado em Itália – existindo já acordos com empresas do setor para a sua comercialização nos Estados Unidos da América, Japão, China e Coreia do Sul.
A Alemanha e Inglaterra “têm processos mais rápidos, ou seja, após a aprovação técnica e científica da Comissão Europeia, o medicamento fica disponível, mesmo com os processos de negociação do preço a da comparticipação a decorrer", explica o presidente da Bial.
Em Portugal, o medicamento só é disponibilizado após o processo de negociação estar concluído, o que justifica o atraso de mais de dois anos.
O Ongentys, refere a Bial, resultou de um investimento de cerca de 300 milhões de euros e culmina 11 anos de investigação, "apoiado num vasto e exaustivo programa de desenvolvimento clínico que suportou a aprovação da Comissão Europeia, incluindo 28 estudos de farmacologia humana em mais de 900 pacientes de 30 países".
Em Portugal, existem entre 18 a 20 mil doentes de Parkinson e todos os anos são identificados cerca de dois mil novos casos. Portugal é um dos países (a par com Espanha) com maior prevalência de uma mutação genética, considerada a causa mais frequente de doença de Parkinson.
Trata-se do segundo medicamento na área do sistema nervoso central desenvolvido pela Bial, mas a farmacêutica tem algumas moléculas em desenvolvimento. A que está mais avançada, segundo António Portela, é para o tratamento de "uma doença também rara e difícil, a hipertensão pulmonar arterial, mas nunca estará no mercado antes de 2020".