Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Foram assassinadas 21 mulheres este ano e há registo de violência acrescida

13 set, 2018 - 16:06

União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) fala num cenário "brutal" em 2018, que já igualou o número de femicídios registados em todos os anos passados.

A+ / A-

Vinte e uma mulheres foram mortas em contexto de violência doméstica ou relações de intimidade desde o início do ano, de acordo com a organização União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).

Através do seu Observatório de Mulheres Assassinadas, a UMAR contabiliza, até quarta-feira, 12 de setembro, 21 mulheres assassinadas por ex, atuais companheiros ou familiares muito próximos, registando, também, um aumento da violência e do sofrimento com que são mortas.

Em declarações à agência Lusa, Elisabete Brasil, da UMAR, nota que, ao contrário do que se tem verificado com o homicídio, em que tem havido uma tendência decrescente, os números de femicídio têm-se mantido constantes.

"Este ano está novamente a contrariar, segue as tendências da última década e voltamos a um contraciclo. Ainda é cedo para falarmos do número total, mas já temos confirmadas 21 mulheres e isso é brutal tendo em conta que estamos em setembro e já temos o mesmo nível de mortes do ano passado", revelou a responsável.

Olhando para o relatório do ano passado, e nos dados relativos a 2017, é possível verificar que foram contabilizadas 20 mulheres assassinadas, às quais se soma mais uma, contada posteriormente, quando foi possível confirmar o contexto e o autor do crime.

No seu relatório intercalar, a UMAR tinha já contado 16 mulheres mortas entre 1 de janeiro e 30 de junho, número que aumentou já para 21, havendo ainda sete casos por confirmar se são ou não femicídios.

No entanto, a análise dos casos que já são conhecidos permite à UMAR perceber que está a aumentar o nível de violência e o sofrimento que é infligido às vítimas nos momentos antes da morte.

Elisabete Brasil mencionou que, por análise das notícias, uma das conclusões que é possível tirar é que este ano os autores dos crimes têm preterido a arma de fogo.

"Este ano foi o primeiro ano que em só houve arma de fogo numa situação e as outras são todas por esfaqueamento, asfixia. Pela primeira vez nestes 15 anos, surge o tiro esporádico e as outras formas, que são muito brutais, que agride, espanca, tortura, é de uma agressividade e brutalidade", referiu.

Dados que levam a responsável da UMAR a defender que se tratam, sem "dúvida nenhuma", de crimes de ódio, em que os agressores "queriam aquela morte e queriam que até na morte a pessoa percebesse e sofresse o máximo".

"É uma coisa completamente destruidora", classificou.

Elisabete Brasil sublinhou que são casos em que o momento da morte é de grande sofrimento, "em que a pessoa percebe o que lhe vai acontecer".

"É uma tortura para matar as mulheres. É uma das grandes novidades este ano, a tortura como forma de as matar. Estratégias de guerrilha e tortura conjugadas", afirmou.

A responsável da UMAR aproveitou ainda para criticar aquilo que classificou como "silêncio" por parte dos poderes políticos e dos poderes públicos, não havendo uma posição pública "face a esta mortandade".

"Se fossem assassinadas duas ou três pessoas numa bomba de gasolina, já havia o MAI [Ministério da Administração Interna] ou outra entidade qualquer a dizer que era preciso reforçar isto ou aquilo. São assassinadas 21 mulheres confirmadas e não há uma palavra sobre esta questão", criticou.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    13 set, 2018 évora 18:51
    As mulheres em Portugal são perseguida até por um sistema judicial Medieval ainda existente em Portugal e por traços Fascistas/Nazis daqueles que administram a justiça , continua a ser uma espécie de "pau para toda a obra" , vejam-se as sentenças contra mulheres em Portugal e as absolvições ou penas suspensas a favor sempre do Macho Nazi em Portugal . Não é preciso ir muito longe , veja-se o resultado de uma mulher hoje presa em TIRES porque abriu a boca demais lá no ano 2000 e só agora , porque alegadamente é mulher cumpre prisão efetiva . Os homens matam mulheres e crianças nas passadeiras ou por outro motivo até pior e apanham penas suspensas ou até absolvições . Mas a mulher em Portugal continua a ser tratada pelo animal homem na similitude de cão enraivecido esfomeado frente a uma cadela com cio . Mudem as mentalidades na justiça , já .
  • Augusto
    13 set, 2018 Sertã 16:23
    Alguma coisa está errada... Essas associações ditas defensoras dos direitos disto e daquilo andam a trabalhar muito mal este problema. Não basta dizer que se tem direitos, também é preciso saber dos deveres.

Destaques V+