17 set, 2018 - 11:26
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande desmente regresso da Polícia Judiciária à autarquia, no âmbito das suspeitas de fraude na reconstrução das casas atingidas pelo incêndio de 17 de junho do ano passado.
A informação tinha sido avançada pela TVI. Por sua vez, o “Jornal de Notícias” garantia que não se tratava de buscas, mas antes de uma recolha de dados e de consulta de documentos acordada entre a judiciária o presidente da Câmara.
À Renascença, o autarca Valdemar Alves declara-se vítima de perseguição. “Não corresponde à verdade e isto é a prova evidente que alguns órgãos de comunicação social - que os portugueses sabem quem são - estão a fazer uma perseguição ao presidente da Câmara, à Câmara Municipal e aos pedroguenses. Portanto, não está cá a Polícia Judiciária, ou ainda não chegou, o único polícia que está cá sou eu, mas isso já sou aposentado e sou o presidente da câmara”, começa por esclarecer, acrescentando que no local “estiveram o Revisor Oficial de Contas, que veio fechar as contas, porque se está a preparar o orçamento para o ano”, e as contabilistas da autarquia.
Na passada quarta-feira, a própria Câmara de Pedrógão Grande tinha sido alvo de buscas. O autarca Valdemar Alves tem vindo a reafirmar que não houve qualquer irregularidade ou ilegalidade na avaliação dos processos. As buscas dos inspetores realizam-se também na Casa da Cultura, onde esteve sediado o gabinete que analisava os processos sobre a reconstrução das casas.
A 19 de julho a Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou ter
aberto um inquérito para investigar os alegados esquemas que terão permitido a
alguns proprietários beneficiarem indevidamente de donativos a Pedrógão Grande
para obras em casas desabitadas, que não eram de primeira habitação ou que nem
sequer foram afetadas pelo incêndio.
Em causa estão denúncias feitas em duas reportagens, uma da Visão e outra da TVI, que aludiam a situações de compadrio na atribuição de fundos para a reconstrução de habitações.
As duas reportagens referiam que casas que não eram de primeira habitação foram contempladas com obras em detrimento de outras mais urgentes e também que casas que não arderam foram reconstruídas com fundos solidários.
O grande incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que se alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.
[notícia atualizada às 12h13]