27 set, 2018 - 00:01 • Graça Franco (Renascença) e Helena Pereira (Público)
A UL está a fazer um esforço para aumentar o número de residências para estudantes. Mas com o disparar do preço da habitação em Lisboa, não lhe parece que se está a bloquear o acesso dos filhos da chamada classe média residente fora de Lisboa ao ensino superior? Em poucos anos, só os ricos ou quem vive em Lisboa é que pode ter um curso superior tirado em Lisboa? Isto não é subverter completamente o princípio da igualdade? Não o preocupa?
Temos em execução um número grande de residências porque o problema tornou-se óbvio há uns anos atrás. O tempo que se demora a fazer uma residência, dada a burocracia, é terrível.
Há três, quatro anos um quarto razoável tinha um valor médio de 270, 280 euros. Há um ano já ia em 410 euros e agora estamos acima dos 520 euros. Isto é muito caro. Estamos a tentar acudir a todos os casos em que nos aparecem estudantes que não conseguem suportar os custos. O número de camas é muito baixo.
Nota que já está a mudar o perfil dos alunos em função desse constrangimento?
Não. Mas temos que ser rápidos neste assunto. Até daqui a ano e meio teremos mais 1000 camas, mas estamos a fazer residências com recursos que libertámos da fusão das universidades. Vão ser geridas pelo serviço de ação social, que tem uma tabela de preços - que também agora foi-nos congelada porque agora é popular congelar coisas - que termina nos 160 euros. Eu não tenho dinheiro para fazer tudo aquilo que é preciso.
No ano passado, em entrevista ao Público disse que seria através de parcerias com privados que a UL ia resolver o problema da falta de residências.
Eu posso concessionar residências mas há um problema: se for por esse caminho não posso regular o preço dos quartos.
Tem falado com o presidente da Câmara de Lisboa sobre este assunto?
Muitas vezes, ainda hoje falei outra vez. O presidente da câmara tem sido muito disponível. A câmara comprou um edifício à Segurança Social em frente ao técnico e será transformado em residência de estudantes, sendo toda a obra será paga pela câmara. Iremos reduzir os saldos ao mínimo indispensável para ter a universidade em funcionamento. A nossa intenção é usar todos os recursos disponíveis para aumentar o número de residências. Não podemos deixar que quem tem capacidade e vontade de estudar em Lisboa deixe de vir por razões económicas.